Uma multidão de civis, alguns deles mascarados e inclusive mulheres, da Crimeia invadiu o quartel-general da Marinha ucraniana localizada no porto de Sevastopol, no Mar Negro, informou o Ministério da Defesa da Ucrânia.
"Os oficiais tentam conter a multidão. Há gente mascarada e outros não, mas não há homens armados", disse Vladislav Selezniov, porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano na Crimeia. O funcionário acrescentou que os invasores derrubaram uma cerca para entrar na área do quartel-general.
"Está claro que nossos oficiais não vão usar a força contra mulheres", enfatizou o porta-voz. Selezniov disse que durante a noite não foram registrados incidentes em outras unidades militares ucranianas na Crimeia. "Em todas as partes tentam convencer nossos militares a integrarem a Frota Russa do Mar Negro ou que se mudem para a parte continental da Ucrânia", acrescentou.
De acordo com informações da agência AP, uma bandeira russa foi hasteada sob o edifício. Também foi arguida uma bandeira que representa a Marinha russa, segundo a agência Interfax. Manifestantes protestavam do lado de fora do local desde o início da manha, quando muitos deles cortaram a cerca e invadiram, trocando as bandeiras do quartel.
De acordo com a agência RT, o grupo está conversando com representantes da Marinha ucraniana, e forças da Rússia não teriam participado da ação. Os manifestantes, alguns cantando o hino nacional russo, querem que os ucranianos deixem o local.
A Ucrânia denunciou ontem que um suboficial de suas forças armadas morreu baleado por supostos soldados russos em uma base em Simferopol, um incidente no qual também ficou ferido um capitão ucraniano.
Segundo as autoridades da Crimeia, um membro das milícias russas de autodefesa morreu e outros dois foram feridos por disparos de franco-atiradores perto da mesma base militar ucraniana.
Nessa terça-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, e dois líderes da Crimeia assinaram um tratado para tornar a península ucraniana no mar Negro parte da Rússia. A assinatura aconteceu ao fim do discurso do presidente no Kremlin aos integrantes das duas câmaras do Parlamento, aos governadores e aos membros do governo russo, marcado pelo patriotismo e mensagem crítica ao Ocidente.
Putin disse que a "Crimeia sempre foi e seguirá sendo parte" de seu país e que continuará havendo três línguas no território: russo, ucraniano e tártaro, respeitando as tradições desses povos.
O tratado vem dois dias após um referendo na Crimeia em que a população aprovou por maioria esmagadora a secessão da Ucrânia para se juntar à Rússia e que foi considerado ilegítimo pelo governo ucraniano, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Com informações da agência EFE