Altas temperaturas são registradas em várias partes do continente, até mesmo na Sibéria. Paris desvia caminhões da cidade, turistas são obrigados a a deixar a Croácia, e bombeiros ficam em alerta na Áustria.
Uma onda de calor no Hemisfério Norte continuou assolando a Europa nesta quarta-feira (21/06), em pleno solstício de verão. Pela primeira vez desde 1995, o Reino Unido deverá enfrentar cinco dias seguidos de temperaturas acima de 30ºC, e Portugal ainda luta contra um incêndio florestal na região central do país, que deixou 64 mortos.
Os termômetros se mantêm em torno dos 35ºC em largas porções do continente europeu, incluindo Itália, Áustria, Holanda, Alemanha e até a Suíça.
Dois incêndios também atingiram florestas na costa do Mar Adriático, na Croácia, fazendo com que as autoridades ordenassem que 800 turistas deixassem a região. Bombeiros também estão em alerta na Áustria, onde pessoas costumam comemorar o dia mais longo do ano acendendo fogueiras.
Na Itália, os meteorologistas alertam que a onde de calor poderá resultar nas temperaturas mais altas dos últimos 15 anos, atingindo até 8ºC acima da média da estação, podendo chegar a 39ºC em Milão e mais de 30ºC nos Alpes, a mil metros de altitude. A capital espanhola, Madri, deve registrar 38ºC.
No Reino Unido os termômetros deverão chegar a 34ºC no oeste de Londres, a temperatura mais alta registrada no país para o mês de junho desde 1976.
O serviço nacional de correios da França informou que os carteiros do país vão verificar o estado de pessoas idosas e portadoras de deficiência que moram sozinhas. Em Paris, as temperaturas devem chegar a 37ºC.
O alto índice de poluição na capital francesa ligado à onda de calor fez com que as autoridades reduzissem os limites de velocidade em algumas áreas e desviassem os percursos de caminhões de grande porte. Os veículos mais poluentes estão proibidos de circular em Paris nesta quinta-feira.
A Sibéria, famosa por temperaturas congelantes, também sofre os efeitos da onda de calor, com as temperaturas chegando a 37ºC na cidade de Krasnoyarsk. Em outro extremo da Rússia, em Murmansk, os termômetros marcaram 1 ºC, com a ocorrência de neve. Muitos moradores estão sem aquecimento em suas casas, uma vez que os sistemas centrais de muitos edifícios são desligados durante o verão.
Temperaturas recordes
Um estudo divulgado nesta semana alerta que as ondas de calor deverão ocorrer com frequência cada vez maior em todo o mundo mesmo se o aumento da temperatura global se mantiver no limite máximo de 2 ºC, definido pelo Acordo de Paris sobre o aquecimento global.
"Mesmo se superarmos as metas de Paris, a população que estará exposta ao calor mortal será de cerca de 50% até 2100", afirma Camilo Moura, principal autor do estudo publicado pela revista Nature Climate Change.
Após registrar temperaturas recordes nos últimos dois meses, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou que o planeta enfrenta "mais um ano excepcionalmente quente", e que as ondas de calor começaram bem mais cedo do que o normal.
"Partes da Europa, Oriente Médio, África do Norte e Estados Unidos viram temperaturas extremamente altas nos meses de maio e junho, com vários recordes sendo quebrados", apontou a OMM.
A tendência verificada nos últimos dois meses colocou, em termos globais, as temperaturas médias mensais deste ano entre as mais altas já registradas desde o início da coleta de dados, em 1880.