O papa Francisco fechou neste domingo (20) a Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, e celebrou uma grande cerimônia para marcar o encerramento do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
Francisco foi em procissão até o local, mas se aproximou sozinho da porta, onde rezou em silêncio. Às 9h59 locais (5h59 em Brasília), fechou a Porta a Santa, a mesma que tinha aberto em 8 de dezembro de 2015, sob olhar, entre outros, do papa emérito Bento XVI, a segunda pessoa que cruzou o portal depois do atual pontífice.
Uma vez fechada, Francisco se dirigiu à Praça de São Pedro, onde milhares de fiéis de diversas partes do mundo o esperavam. Segundo dados da Gendarmaria Vaticana, cerca de 70 mil fiéis estiveram no Vaticano para a cerimônia de encerramento do Jubileu.
Em sua homilia, o papa destacou o valor da misericórdia, palavra-chave durante este Jubileu para a Igreja Católica. Francisco lamentou que a atração do poder e do sucesso sejam usados como "caminho fácil e rápido" para divulgação do Evangelho e defendeu uma Igreja acolhedora, livre, fiel e rica no amor.
"A misericórdia, ao nos levar ao coração do Evangelho, nos exorta também a renunciar aos hábitos e costumes que podem dificultar o serviço ao reino de Deus, a que nos dirijamos só à perene e humilde realeza de Jesus, não nos adequando às realezas precárias e poderes em transformação de cada época", acrescentou o pontífice.
O papa ressaltou a importância de sempre se mostrar um "amor humilde", que "tudo desculpa, espera e suporta". "Só este amor venceu e segue vencendo nossos grandes adversários: o pecado, a morte e o medo", afirmou. E condenou o fato de, em algumas ocasiões, frente às circunstâncias da vida ou diante de "expectativas não cumpridas", algumas pessoas tenham a "tentação de tomar distância".
"Como Deus acredita em nós infinitamente além de nossos méritos, também estamos convocados a infundir esperança e dar oportunidade aos demais", afirmou o pontífice.
Ao término da celebração eucarística, o papa assinou a Carta Apostólica "Misericordia et misera", que será apresentada amanhã e dirigida a toda Igreja Católica. O objetivo é "encorajar seguir vivendo a misericórdia com a mesma intensidade experimentada durante todo o Jubileu Extraordinário", informou a Santa Sé.
O fechamento da Porta Santa encerra o Ano Santo Extraordinário que contou com a participação de fiéis em todas as partes do mundo. Só no Vaticano, mais de 20 milhões de peregrinos se registraram para cruzar a Porta Santa da Basílica de São Pedro.
Mas não só os católicos puderam atravessá-la e ganhar uma indulgência plena. Pela primeira vez, eles puderam também fazer o rito nas portas santas de basílicas e igrejas de todo o mundo.
Há uma semana, essas basílicas e igrejas fecharam suas respectivas portas santas.
O papa Francisco anunciou a celebração deste Jubileu em março de 2015, quando completava o segundo ano como pontífice, e então explicou os motivos para que o Jubileu fosse dedicado à misericórdia.
"Há tanta necessidade de misericórdia hoje e é importante que os fiéis laicos a vivam e a levem aos diversos ambientes sociais", afirmou na época o papa.
Dessa forma, ao longo deste ano, Francisco defendeu mostrar misericórdia ao próximo, mas o conceito não só esteve presente em seus discursos, mas também em gestos. Por exemplo, na decisão de enviar mais de mil sacerdotes, conhecidos como "missionários da misericórdia", para percorrer dioceses do mundo e absolver os pecados das pessoas, inclusive os considerados mais graves.
Nestes meses, o papa transmitiu solidariedade e proximidade aos desfavorecidos, alertou sobre o risco da indiferença, protestou contra a corrupção, encorajou os países a receber refugiados, pediu para que pontes, e não muros, fossem construídos, e defendeu a convivência fraterna e a unidade dos cristãos.