O Papa Francisco voltou a pedir aos padres e bispos do mundo para que não busquem "o apoio daqueles que têm o poder", na tradicional cerimônia de entrega do pálio aos 24 novos arcebispos metropolitanos, durante uma missa na Basílica São Pedro.
O Papa, que usava o mesmo cachecol de lã (tecido escolhido para evocar o pastor e seu rebanho) que os arcebispos metropolitanos, pediu para que eles não "percam tempo com questões ou intrigas inúteis", mas que "deem atenção ao essencial" seguindo o exemplo de Cristo, "apesar das dificuldades."
"Que refúgio nós procuramos na nossa vida pastoral, para estarmos a salvo?", questionou o Papa, chamando-os a "não ser enganados pelo orgulho, buscando recompensas e reconhecimentos que parecem colocar em segurança".
"O verdadeiro refúgio é a confiança em Deus: ela remove todos os medos e nos torna livres da escravidão e das tentações mundanas", defendeu o Papa, na solene missa por ocasião da festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo.
Entre os 24 novos arcebispos que receberam o pálio (que consagra o status de arcebispo metropolitano, título relacionado ao tamanho do distrito que supervisionam), cinco vêm da África, seis da Ásia, sete da Europa e seis das Américas, incluindo o brasileiro Dom José Luiz Majella Delgado, arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, Minas Gerais.
Em entrevista ao Il Messaggero, o Papa denunciou neste domingo o flagelo da corrupção, um tema que, como a denúncia de sacerdotes "mundanos", recebe uma particular atenção. "É difícil manter-se honesto na política. Às vezes é como se algumas pessoas fossem fagocitadas por um fenômeno endêmico, em vários níveis, transversal".
"Hoje o problema é que a política está desacreditada, devastada pela corrupção, o fenômeno dos subornos. Infelizmente corrupção é um fenômeno global. Há até chefes de estado que estão na prisão para ele. "
Segundo o Papa, "vivemos em uma época de mudança", que "alimenta a decadência moral, não só na política, mas também na esfera financeira ou social." O Papa também falou sobre o abuso sofrido pelas crianças, aquelas usadas para o trabalho manual, porque elas têm mãos pequenas, e aquelas que são vítimas de abuso sexual: "isso me faz sofrer."
Para ele, os homens "mais velhos" que abordam prostitutas menores de 15 anos não são nada além do que "pedófilos". A política "deve atender de forma limpa", essas questões "são resolvidas com uma boa política social".