O papa Francisco se reuniu neste sábado com Franz Jalics, missionário jesuíta cujo sequestro e tortura pela junta militar argentina nos anos 1970 provocaram denúncias de uma suposta cumplicidade do pontífice, que então dirigia a Companhia de Jesus na Argentina. Nenhuma informação oficial foi divulgada sobre o conteúdo da conversa entre Francisco e Jalics, que nasceu na Hungria e atualmente vive em um mosteiro alemão.
O Papa já afirmou ter passado por um "período de grande crise interna" durante a ditadura argentina e admitiu ter cometido erros. Mas segundo um livro recentemente publicado por um jornalista italiano, Francisco protegeu e ajudou na fuga de centenas de perseguidos pelos militares.
No mesmo livro, dezenas de depoimentos desmentem a suposta cumplicidade do atual Papa com a ditadura argentina, argumento que provocou polêmica em março, durante os primeiros dias de seu pontificado.
Franz Jalics foi preso ao lado de outro missionário jesuíta em março 1976 e levado para um centro de detenção da junta militar, onde foi torturado antes de ser libertado cinco meses depois. Depois das denúncias de março, Jalics divulgou uma declaração na qual afirmava que não foi denunciado pelo padre Bergoglio, agora papa Francisco.
"Antes, acreditava que havíamos sido vítimas de uma denúncia. Mas no fim dos anos 1990, após várias discussões, percebi que esta suspeita era injustificável", afirmou então Jalics.