Paris: foi como se matassem Angeli, Laerte, Adão e Jaguar

Entre as doze vítimas já confirmadas do atentado, quatro eram cartunistas famosos na França

7 jan 2015 - 14h01
(atualizado às 17h27)
<p>Quatro cartunistas morreram no atentado terrorista nesta quarta-feira</p>
Quatro cartunistas morreram no atentado terrorista nesta quarta-feira
Foto: Twitter

O trio de terroristas que invadiu o semanário Charlie Hebdo matou alguns dos mais proeminentes e provocativos cartunistas da história recente da França. Para quem gosta de quadrinhos, a importância deles na cultura francesa equivale à de Angeli, Laerte e Glauco [morto em 2010], fundadores da mítica revista “Chiclete com Banana” nos anos 1980.

Entre as doze vítimas já confirmadas do atentado de Paris, quatro eram os cérebros e as mãos da Charlie Hebdo: o diretor de redação Stéphane Charbonnier, o Charb, Jean Cabut, o Cabu, Georges Wolinski e Bernard Verlhac, o Tignous. A sede da publicação era protegida por dois policiais, que foram mortos pelos terroristas hoje, desde que passou a receber ameaças por ter publicado charges do profeta Maomé, consideradas ofensivas ao Islã.

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O crime foi cometido no momento em que os cartunistas estavam na redação para a reunião semanal de pauta. Um dos terroristas teria gritado: “Nós vingamos o profeta, nós matamos Charlie Hebdo”.

"Qualquer que seja a razão disso, é intolerável", disse a francesa Isabelle Carrer, em frente ao prédio da revista
Foto: Ana Manfrinatto / Especial para Terra

O atentado terrorista, o pior registrado na França nos últimos cinquenta anos, provocou ondas de choque e consternação. O fato de terem atacado uma redação foi considerado um ataque à própria liberdade de expressão do país, segundo reconheceu o presidente François Hollande, logo após deixar a sede da publicação hoje de manhã.

“Ouvimos dizer que os terroristas gritaram Allah Akbar [Deus é Grande] enquanto davam os tiros. Qualquer que seja a razão que tenham tido isso é uma coisa intolerável”, disse ao Terra a francesa Isabelle Carrere, enquanto segurava uma cópia da revista em quadrinhos perto do cordão de isolamento montado pela polícia na rua que sedia a redação.

Cartunistas mortos na França eram tão importantes quanto a cartunista Laerte no Brasil
Foto: Débora Melo / Terra

“Atacar uma redação com armas pesadas é o tipo de violência que a gente vê no Iraque, na Somália ou no Paquistão”, comparou Christophe Deloire, secretário-geral da organização Repórteres Sem Fronteiras, pouco após deixar o local do atentado.

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O nível do alerta contra terrorismo foi elevado ao nível máximo. Pontos turísticos como a Torre Eiffel, a catedral de Notre Dame e a avenida Champs-Élysées – que costuma receber grande parte dos 600 mil turistas brasileiros que visitam Paris anualmente – receberam reforço no policiamento.

Os três terroristas responsáveis pelo massacre ainda não foram encontrados pela polícia.

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Fonte: Especial para Terra
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