O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, anunciou planos para transformar a Crimeia em uma zona econômica especial da Rússia, apesar da pressão ocidental para que Moscou devolva a península à Ucrânia. Nesta segunda-feira, o premiê ostentou o controle da Rússia sobre a Crimeia ao desembarcar na região recém-anexada.
A visita, ocorrida horas após uma reunião entre Rússia e EUA a respeito da Ucrânia, deve irritar Kiev e o Ocidente, que acusam o presidente russo, Vladimir Putin, de se apropriar ilegalmente da Crimeia depois de um referendo em 16 de março.
Logo depois de pousar na principal cidade crimeana, Simferopol, Medvedev fez uma reunião de governo com vários ministros que o acompanhavam, apresentando propostas para estimular a precária economia da região.
"Nosso objetivo é tornar a península atraente para possíveis investidores, para que ela possa gerar renda suficiente para o seu próprio desenvolvimento. Há oportunidades para isso -- levamos tudo em consideração", disse ele na reunião, transmitida pela TV, com bandeiras da Rússia atrás da sua mesa.
"Então decidimos criar uma zona econômica especial aqui. Isso permitirá o uso de regimes tributários e alfandegários especiais na Crimeia, e também minimizará os procedimentos administrativos."
Deixando claro que a Rússia não tem a intenção de devolver a Crimeia, Medvedev apresentou medidas para elevar os salários dos 140 mil funcionários públicos, transformar a região em polo turístico, proteger as ligações energéticas da Rússia com a península e melhorar estradas, ferrovias e aeroportos.
A Rússia assumiu o controle da Crimeia --região com predomínio étnico russo-- depois que uma rebelião popular levou à destituição do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, um político pró-Moscou.
Medvedev chegou a Simferopol horas depois de o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se reunir em Paris com o chanceler russo, Sergei Lavrov, na noite de domingo, reiterando que Washington considera "ilegal e ilegítima" a anexação da Crimeia pela Rússia.
Os EUA e a União Europeia já impuseram sanções a autoridades russas e ameaçam adotar medidas punitivas contra o país.
A absorção da Crimeia e de seus 2 milhões de habitantes cria um ônus adicional para a Rússia, que tem problemas de baixo crescimento econômico, inflação, moeda fraca e uma excepcional fuga de capitais neste ano.
Mas as declarações de Medvedev indicam que o Kremlin espera que a Crimeia se torne rapidamente autossuficiente. O premiê disse ver "perspectivas colossais" para o turismo na península do mar Negro.
Na semana passada, o ministro russo das Finanças, Anton Siluanov, disse que a Rússia vai gastar até 243 bilhões de rublos (6,82 milhões de dólares) na Crimeia neste ano, verba que virá da reserva orçamentária.