A polícia lançou gás lacrimogêneo e granadas de atordoamento durante uma passeata de protesto contra a violência policial em Paris, neste sábado, depois que manifestantes mascarados dispararam fogos de artifício onde os oficiais estavam posicionados, ergueram barricadas e atiraram pedras.
A maioria dos milhares de manifestantes marchou pacificamente, mas vários pequenos grupos entraram em confronto com a polícia. Dois carros, uma motocicleta e materiais de construção foram incendiados, o que gerou nuvens de fumaça negra visíveis a quilômetros de distância.
Milhares de pessoas também protestaram em Lille, Rennes, Estrasburgo e outras cidades.
Os protestos ocorrem após a divulgação, nesta semana, de uma filmagem da CCTV da agressão ao produtor musical negro Michel Zecler por três policiais em Paris em 21 de novembro.
O incidente também gerou irritação sobre um projeto de lei que é visto como destinado a restringir o direito dos jornalistas de reportar sobre a brutalidade policial.
O projeto de lei tornaria crime a circulação de imagens de policiais em certas circunstâncias, o que, segundo opositores à medida, limitaria a liberdade de imprensa.
Muitos manifestantes carregavam cartazes com slogans como "Quem vai nos proteger da polícia", "Pare a violência policial" e "Democracia espancada".
As imagens de Zecler sendo espancado circularam amplamente nas redes sociais e na imprensa francesa e estrangeira. O presidente Emmanuel Macron disse na sexta-feira que as imagens eram vergonhosas para a França.
Quatro policiais estão detidos para interrogatório como parte de uma investigação sobre o espancamento.
"O que está acontecendo em Paris é extremamente preocupante e não podemos deixar isso passar. Passei dois anos com os coletes amarelos e vi toda a violência", disse a manifestante Caroline Schatz à Reuters na passeata em Paris.
Organizações de jornalistas e grupos de liberdade civil que organizaram os atos receberam o reforço de militantes de extrema-esquerda, ativistas ambientais e manifestantes de colete amarelo. Estes últimos têm protestado contra as políticas do governo há dois anos.