Quem matou Olof Palme? Mistério da morte de premiê da Suécia é solucionado após 3 décadas

Promotores dizem saber quem matou premiê com tiro à queima-roupa nas costas em plena rua cheia de gente em 1986

10 jun 2020 - 11h25
(atualizado às 13h06)
Olof Palme foi morto em uma noite de sexta-feira quando caminhava pela rua mais movimentada da Suécia
Olof Palme foi morto em uma noite de sexta-feira quando caminhava pela rua mais movimentada da Suécia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Promotores públicos suecos identificaram o homem que eles dizem ter assassinado o ex-premiê Olof Palme em 1986, pondo fim a décadas de mistério.

Eles afirmam que o assassino foi Stig Engstrom, um designer gráfico que se matou em 2000.

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A revelação permitirá que autoridades finalmente encerrem a investigação, afirmou o chefe dos promotores públicos, Krister Petersson.

Palme levou um tiro pelas costas quando caminhava com sua esposa para casa, depois de sair de um cinema em Estocolmo.

Ele havia dispensado seus guarda-costas naquele dia. O assassinato ocorreu na rua mais movimentada da Suécia, com dezenas de testemunhas que viram o homem atirar em Olof e fugir. O caso causou grande comoção no país e inspirou inúmeras teorias de conspiração.

O filho de Palme, Marten, disse a uma rádio sueca que acredita no resultado da investigação, e que os promotores estão certos em encerrar o caso.

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O assassinato chocou a Suécia e deu origem a diversas teorias da conspiração
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Milhares de pessoas foram entrevistadas como parte do inquérito. Um homem que cometia pequenos crimes chegou a ser condenado pelo assassinato, mas o veredicto foi posteriormente anulado.

O que diz o promotor?

"A pessoa é Stig Engstrom", disse Petersson em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira. "Já que essa pessoa já morreu, não posso fazer uma denúncia contra ele, portanto decidi encerrar a investigação."

A arma do crime não foi encontrada e nenhum indício forense novo foi descoberto, mas promotores concluíram, com base nos depoimentos de Engstrom, que suas versões para os eventos daquele dia não faziam sentido.

"Ele agiu como nós acreditamos que o assassino agiria", disse Petersson.

Stig Engstrom não era o foco principal das investigações, inicialmente. Mais adiante, os promotores descobriram que ele tinha familiaridade com armas de fogo, tendo servido no Exército e participado de clubes de tiro.

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Ele também fazia parte de um círculo de críticos de Palme, e parentes diziam que ele não gostava do premiê.

Engstrom também tinha problemas financeiros e de alcoolismo.

Os investigadores ainda não conseguiram formar um quadro completo sobre os motivos que levaram Engstrom a matar o premiê.

Quem era Stig Engstrom?

Palme levou um tiro à queima-roupa nas costas e morreu na hora
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Stig Engstrom ficou conhecido entre os vários suspeitos de terem assassinado Palme como "homem da Skandia", pois trabalhava para a empresa de seguros Skandia. Ele estava trabalhando até mais tarde na noite do assassinato no escritório central da empresa, que fica perto do local da cena do crime.

Engstrom estava presente na cena do crime. Ele foi interrogado diversas vezes, mas logo foi descartado como suspeito.

Petersson disse que descrições dadas por testemunhas condizem com a aparência de Engstrom. Algumas testemunhas também contradisseram relatos de Engstrom sobre seu comportamento na cena do crime.

Engstrom mentiu sobre o que aconteceu pouco depois do assassinato, chegando a dizer que tentou ressuscitar Palme. No ano 2000, Engstrom cometeu suicídio.

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Ele foi identificado como suspeito pela primeira vez por um jornalista, Thomas Pettersson. A polícia começou a rever a possibilidade de Engstrom ser o assassino 18 anos após a sua morte.

A ex-mulher de Stig Engstrom disse ao jornal Expressen em 2018 que fora interrogada por investigadores em 2017. Ela disse que naquela ocasião, entretanto, não havia suspeitas de que ele fosse o assassino.

"Ele era covarde demais. Ele não faria mal a uma mosca", disse.

Como Olof Palme foi assassinado?

O premiê havia dispensado seus guarda-costas na noite de sexta-feira, 28 de fevereiro de 1986, para ir ao cinema com sua esposa Lisbet, o filho Marten e a namorada do filho.

Após o filme, os casais se separaram. Palme, de 59 anos, caminhava com Lisbet na rua mais movimentada de Estocolmo, a Sveavagen, quando levou um tiro nas costas, disparado quase à queima-roupa. Quando caiu no chão, já estava morto.

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O assassino saiu correndo rua abaixo, subiu uma escada em uma rua adjacente e desapareceu.

As balas usadas eram de uma .357 Magnum, mas a arma nunca foi achada.

Palme foi morto na rua mais movimentada da Suécia
Foto: AFP / BBC News Brasil

Por que ninguém foi pego?

Um homem foi preso. Christer Pettersson foi identificado por Lisbet Palme e recebeu pena de prisão perpétua em 1989.

Mas ele foi logo solto após um recurso, já que nenhum motivo foi provado e a arma do crime nunca foi encontrada. Pettersson morreu em 2004.

Mais de 130 pessoas já confessaram ter cometido o assassinato, segundo o chefe da investigação, Hans Melander.

Quem eram os inimigos de Palme?

Palme estava em seu segundo mandato como chefe do governo sueco. Um carismático premiê que liderava o Partido Social Democrata da Suécia, Palme aumentou o poder dos sindicatos, ampliou o sistema de saúde e bem-estar social, tirou todos os poderes políticos da monarquia e investiu pesadamente em educação.

Uma de suas principais reformas foi a criação de creches e pré-escolas, permitindo o acesso de mulheres a trabalho.

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No plano internacional, ele era crítico da invasão soviética a Tchecoslováquia de 1968 e ao bombardeio do norte do Vietnã pelos americanos. Ele também criticava o regime do apartheid na África do Sul.

Quais teorias surgiram?

O caso intriga a polícia sueca há décadas. Entre os vários suecos obcecados com o caso estava o escritor Stieg Larsson, autor da trilogia Millennium.

Entre as teorias que circularam sobre os motivos de seu assassinato, estavam:

Lisbet Palme morreu em 2018 sem nunca descobrir quem havia matado seu marido.

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