Reino Unido: deputados sofrem acusações de abuso sexual

Diretor da Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra as Crianças presidirá a investigação sobre essa possível rede de pedofilia no parlamento britânico

7 jul 2014 - 14h35
(atualizado às 14h40)
<p>Secretária do Interior, Theresa May, anuncia aos deputados na Câmara dos Comuns, em Londres, a revisão nas investigações sobre abuso sexual</p>
Secretária do Interior, Theresa May, anuncia aos deputados na Câmara dos Comuns, em Londres, a revisão nas investigações sobre abuso sexual
Foto: PA / AP

O governo britânico anunciou nesta segunda-feira que investigará as acusações de abusos sexuais contra menores cometidos por deputados nos anos 80, assim como os erros institucionais na proteção de menores.

A ministra do Interior, Theresa May, disse que o diretor da Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra as Crianças (NSPCC), Peter Wanless, presidirá a investigação sobre essa possível rede de pedofilia no parlamento britânico.

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"Nossa prioridade será processar as pessoas que estiveram por trás destes asquerosos delitos", afirmou May na Câmara dos Comuns, após dias de pressões vindas da oposição trabalhista para que se abordasse o assunto.

Wanless terá a ajuda de analistas legais e apresentará o relatório de conclusão em oito ou dez semanas, e a investigação terá "a máxima transparência" e a intenção de "denunciar erros e aprender lições".

May também anunciou investigações independentes mais amplas sobre possíveis erros na proteção de menores das instituições do Estado e outros órgãos nas últimas décadas.

É improvável que esta segunda investigação, que contará com a participarão de especialistas de diferentes áreas, chegue a conclusões antes das próximas eleições gerais, em maio de 2015, mas a expectativa é que seus membros informem o parlamento antes do pleito.

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A investigação de Wanless examinará se o Ministério do Interior respondeu adequadamente a um dossiê que recebeu nos anos 80 sobre supostos abusos sexuais por deputados, assim como as medidas tomadas pela polícia sobre os casos enviados à ela.

O dossiê foi entregue ao então ministro do Interior, Leon Brittan, no governo de Margaret Thatcher, pelo deputado conservador (já falecido) Geoffrey Dickens e abrangeria abusos ocorridos entre 1979 e 1999.

O secretário permanente do Ministério, Mark Sedwill, disse nos últimos dias que 114 expedientes desse dossiê estão desaparecidos, apesar de outros 527 foram analisados o ano passado por um investigador governamental.

Wanless deve confirmar de essa investigação de 2013, que exonerou o governo da época, chegou ao fundo do assunto.

Em entrevista à "BBC" no domingo, o ex-ministro conservador Norman Tebbit admitiu que "é muito possível que tenha havido acobertanmento" pelo governo caso tenham sido detectadas atividades ilícitas de deputados, pois "é o que se fazia na época para proteger o sistema".

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Já Brittan garantiu que administrou o dossiê adequadamente e confirmou a notícia de que foi interrogado pela polícia o ano passado sobre uma suposta violação cometida em 1967, o que ele negou veementemente.

O assunto dos abusos de menores por parte de personalidades está em pauta no Reino Unido, após as várias denúncias contra apresentadores de televisão e outros famosos, vários deles condenados.

Um dos casos mais escandalosos é o do já falecido apresentador da "BBC" Jimmy Savile. Depois de sua morte foi revelado que ele tinha abusado de centenas de vítimas durante décadas se aproveitando da fama.

  
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