Nesta quarta-feira, a redação da revista semanal satírica "Charlie Hebdo", em Paris, na França, foi alvo de um ataque que deixou pelo menos 12 profissionais mortos e dez feridos. O motivo da ação ainda não é conhecido. Jornalistas da publicação já foram alvo de diversas ameaças nos últimos anos de leitores que se sentiram insultados com charges feitas com figuras religiosas.
Nesta mesma manhã, a publicação havia lançado nas redes sociais, pouco antes do atentado, uma brincadeira com o líder do grupo Estado Islâmico, al-Baghdadi. No desenho, ele aparece desejando saúde a todos neste Ano-Novo.
Histórico
Uma das maiores polêmicas envolvendo o "Charlie Hebdo" aconteceu em 2012. Na ocasião, ele estampou, na capa de uma de suas edições, um judeu ortodoxo empurrando uma figura de turbante em uma cadeira de rodas. No decorrer das páginas, podiam ser encontradas também várias caricaturas de Maomé, incluindo algumas em que ele aparecia nu.
O caso imediatamente levantou um debate em todo o mundo sobre o limite da liberdade de imprensa. A revista e seus leitores continuaram defendendo a "liberdade de tirar sarro" enquanto religiosos e simpatizantes a criticaram por "desrespeito" e "falta de ética". O ministro das Relações Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast, alegou que o país "condenava com firmeza os insultos contra as entidades sagradas do Islã".
À época, a polícia reforçou a segurança nos arredores da redação, que havia sido incendiada no ano anterior com um coquetel molotov atirado pela janela do edifício devido à publicação de outra caricatura de Maomé. Em uma edição especial sobre a Primavera Árabe, intitulada "Sharia Hebdo", a revista estampou na capa uma charge do profeta descrito como "editor convidado" com os dizeres "Cem chibatadas se você não morrer de rir!".
Desde o incidente, o editor-chefe, que se identifica apenas como Charb, e um cartunista, chamado de Luz, passaram a viver sob proteção judicial.
Anos antes, em 2007, o semanário teve que ir a tribunal, onde foi absolvido do crime de injúria com base religiosa por ter publicado anteriormente outras polêmicas charges de Maomé. Entre elas estavam um desenho do profeta com um turbante do qual saía um pavio de uma bomba; outra que o mostrava pedindo aos terroristas que não se suicidassem, pois não havia mais virgens no paraíso; e mais uma com ele se lamentando por ser "amado por tolos".