Em Assis, papa pede que Igreja se abstenha da vaidade

4 out 2013 - 08h35
(atualizado às 09h18)

A Igreja Católica, do sacerdote mais modesto ao próprio pontífice, deve se livrar de toda "vaidade, arrogância e orgulho" e servir humildemente os membros mais pobres da sociedade, disse o papa Francisco nesta sexta-feira.

Papa Francisco visita a sepultura de São Francisco durante viagem a Assis, na Itália. A Igreja Católica, do sacerdote mais modesto ao próprio pontífice, deve se livrar de toda "vaidade, arrogância e orgulho" e servir humildemente os membros mais pobres da sociedade, disse o papa Francisco nesta sexta-feira. 4/10/2013.
Papa Francisco visita a sepultura de São Francisco durante viagem a Assis, na Itália. A Igreja Católica, do sacerdote mais modesto ao próprio pontífice, deve se livrar de toda "vaidade, arrogância e orgulho" e servir humildemente os membros mais pobres da sociedade, disse o papa Francisco nesta sexta-feira. 4/10/2013.
Foto: Gian Matteo Crocchioni / Reuters

O apelo do papa, feito na cidade de Assis, no centro da Itália, onde seu homônimo São Francisco viveu no século 12, foi feito em meio a um esforço de Francisco de mudar a visão de uma Igreja assolada por escândalos financeiros e abusos sexuais.

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São Francisco é reverenciado pelos católicos e por muitos outros cristãos por sua simplicidade, pobreza e amor à natureza -- qualidades que o argentino Francisco usa para dar o tom a seu papado desde a eleição em março.

"Essa é uma boa ocasião para convidar a Igreja a se livrar do materialismo", disse o papa em um aposento que marca o lugar onde São Francisco despiu-se quando jovem, renunciando à riqueza de sua família, e resolveu servir os pobres.

"Há um perigo que ameaça qualquer um na Igreja, todos nós. O perigo do materialismo. Nos leva à vaidade, à arrogância e ao orgulho", disse Francisco no aposento ricamente adornado com afrescos da residência do arcebispo de Assis.

Como vem fazendo frequentemente, Francisco falou de improviso depois de deixar de lado versões preparadas de dois discursos, claramente sensibilizado pelas pessoas pobres e doentes no aposento.

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Francisco levou um novo estilo de abertura, consulta e simplicidade ao Vaticano. Poucos dias depois de sua eleição, ele disse que queria ver "uma Igreja que é pobre e para os pobres".

Ele evitou os espaçosos apartamentos papais em troca de alojamentos espartanos na hospedaria do Vaticano, e pediu a todos os membros do clero, independentemente do cargo, que rejeitassem o conforto e saíssem entre os pobres e os necessitados.

Francisco disse que todos os membros da Igreja, incluindo bispos, cardeais e o próprio papa, têm que evitar as armadilhas de dar importância a coisas mundanas e ser mais humildes.

"O materialismo nos traz vaidade, arrogância, orgulho e esses são ídolos... Todos nós precisamos nos livrar desse materialismo", disse.

Francisco, o primeiro papa não europeu em 1.300 anos e o primeiro da América Latina, formou três comitês para assessorá-lo na missão de tornar o Vaticano mais transparente, principalmente com relação a suas transações financeiras.

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Ele também disse que conventos e monastérios católicos vazios deveriam ser abertos para abrigar imigrantes e refugiados.

O papa condenou um mundo "que não se importa com tantas pessoas que têm que fugir da pobreza e da fome, fugir em busca de liberdade e muitas vezes encontrar a morte, como aconteceu ontem em Lampedusa".

Francisco se referia ao naufrágio de um barco imigrante na ilha de Lampedusa, ao sul da Itália, na quinta-feira, no qual mais de 300 pessoas podem ter morrido.

"Hoje é um dia para lamentar", disse Francisco sobre a tragédia.

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