A revelação da relação, não desmentida, do presidente François Hollande com uma atriz chega em um momento ruim para o chefe de Estado francês, que na terça-feira encara a terceira grande coletiva de imprensa de seu mandato.
Em meio à impopularidade nas pesquisas e sem conseguir, como havia prometido, inverter a curva do desemprego na França, François Hollande vê agora sua vida particular ser atacada em um dossiê de sete páginas da revista Closer, que afirma que o presidente francês, de 59 anos, e a atriz Julie Gayet, de 41, vivem um "amor secreto", apresentando fotos nas quais não aparecem juntos em nenhum momento.
Hollande não desmentiu estas revelações, mas criticou "profundamente os ataques ao respeito da vida privada ao qual tem direito como qualquer cidadão".
Na terça-feira, o presidente dará uma grande coletiva de imprensa semestral na qual se espera que detalhe seu novo "pacto de responsabilidade" com as empresas e a redução do gasto público, o que alguns analistas veem como uma inflexão sócio-liberal de seu mandato.
Mas parece muito provável que algum dos muitos jornalistas esperados no Palácio do Eliseu faça uma pergunta sobre as revelações da Closer.
Embora a classe política, tanto da esquerda quanto da direita, tenha apoiado o pedido do presidente do respeito a sua vida privada, a imprensa francesa se pergunta neste sábado onde está a mudança que François Hollande havia prometido em relação aos seus antecessores, especialmente Nicolas Sarkozy.
Em sua primeira grande coletiva de imprensa presidencial, no dia 8 de janeiro de 2008, o inquilino anterior do Eliseu foi perguntado sobre seu recente romance com a cantora e modelo Carla Bruni. Sua resposta, "Com Carla é algo sério", marcou de forma indelével, e não para o bem, o seu mandato.
Hollande, que desejava encarnar uma "presidência normal", enfrenta desde sua eleição o conflito da separação entre vida privada e pública, depois que sua companheira, Valérie Trierweiler, publicou no Twitter seu apoio ao rival político local de Ségolène Royal, com quem Hollande teve quatro filhos.
A frágil fronteira entre vida privada e pública é uma das questões levantadas pelo artigo da Closer, algo impensável há alguns anos, quando os meios de comunicação franceses respeitavam de forma quase absoluta a intimidade dos políticos.
Este assunto é "de todos os pontos de vista catastrófico para François Hollande", afirmava neste sábado o jornal regional L'Alsace. "Os franceses acreditavam que estava encurralado por suas funções, consagrando cada minuto a governar o país. E, enquanto os resultados não chegam, descobrem que o presidente da República encontra tempo para galantear com uma atriz", acrescenta.
A França enfrenta um crescimento fraco, uma convulsão social nas regiões atingidas pela desindustrialização e uma revolta fiscal, além do problema do desemprego, que segue em níveis altos.
O chefe de Estado prometeu em várias ocasiões que inverteria a curva do desemprego, em alta no fim de 2013. E, apesar dos dados positivos de outubro, os dados de novembro praticamente dissolveram o otimismo.