Revista não levava ameaças muito a sério, diz jornalista

Em entrevista ao jornal francês LeMonde, profissional disse que a Charlie Hebdo sofria ameaças constantes, mas o editor-chefe da publiçação costumava dispensar o seu segurança

7 jan 2015 - 12h13
(atualizado às 13h43)
<p>Policiais e bombeiros socorrem vítimas do atentado contra escritórios da revista Charlie Hebdo, em 7 de janeiro</p>
Policiais e bombeiros socorrem vítimas do atentado contra escritórios da revista Charlie Hebdo, em 7 de janeiro
Foto: Philippe Wojazer / AP

Funcionários da revista satírica Charlie Hebdo alvo, de um atentado terrorista que matou doze pessoas, na manhã desta quarta-feira em Paris, sofriam ameaças, de acordo com entrevista de uma jornalista da publicação ao periódico francês Le Monde.

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"Nossos funcionários estavam sob proteção especial, o que nos fazia lembrar das ameaças. Charb (editor-chefe da publicação) estava também sob proteção policial mas ele circulava sem seu segurança, sinal de que ele não estava sempre preocupado com isso. Recebíamos ameaças por e-mail e por telefone o tempo todo, mas não as levávamo muito a sério, tínhamos nos acostumado com elas".

A Charlie Hebdo já tinha sofrido em seus quase 22 anos de existência outros ataques por causa da publicação de caricaturas de Maomé.

A revista, cuja a mera reprodução está proibida pelo Islã, também chegou a ser incendiada em novembro de 2011. Quando voltou às ruas, insistiu na linha editorial com uma capa em que um muçulmano e um desenhista se beijavam sob o título "O amor é mais forte que o ódio".

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No interior da edição, carregada de críticas tanto ao fundamentalismo muçulmano como o cristão, o editor-chefe da publicação, Charb, exigia no editorial o direito dos desenhistas e jornalistas do Charlie Hebdo a fazer humor sobre o que quisessem.

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Em 3 janeiro de 2013, o site da revista sofreu ataques de hackers, motivados pela publicação no dia anterior de um suplemento especial com uma biografia de Maomé em forma de história em quadrinhos.

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Antes disso, o semanário levantou a ira dos islamitas por reproduzir outras caricaturas, originais do jornal dinamarquês Jyllands-Posten em setembro de 2005, nas quais o profeta vestia turbante-bomba com o pavio aceso.

Com uma linha ousada e irreverente, a Charlie Hebdo"foi criada em 1992 pelo escritor e jornalista François Cavanna, morto em 29 de janeiro de 2014, aos 90 anos. O desenhista Charb assumiu então a publicação, dando sequência à linha editorial considerada ofensiva pelos muçulmanos.

A divulgação das caricaturas suscitou um intenso debate na França sobre a liberdade de imprensa no país.

Com informações da agência EFE.

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Fonte: Terra
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