O comitê que investiga a explosão na rede de metrô de São Petersburgo, segunda maior cidade da Rússia, confirmou nesta terça-feira (4) que o suposto autor do ataque foi identificado. Contudo, seu nome permanece sob sigilo para "ajudar" o inquérito.
Os restos mortais foram encontrados no terceiro vagão do trem atingido pelo ataque, o que confirmaria a hipótese de um ato suicida. "Especialistas do comitê investigativo russo, trabalhando com a FSB [agência de inteligência] e o Ministério do Interior, estabeleceram que o artefato explosivo pode ter sido detonado por um suspeito masculino cujos restos fragmentados foram achados dentro do terceiro carro", disse a porta-voz do órgão, Svetlana Petrenko.
Mais cedo, fontes dos serviços de inteligência da ex-república soviética do Quirguistão haviam dito à imprensa local que o terrorista era um cidadão russo de origem quirguiz. No entanto, na noite da última segunda-feira (3), um site de São Petersburgo chegou a divulgar que o agressor era originário do Cazaquistão, país que também fazia parte da União Soviética.
O atentado ocorreu entre as estações Sennaya Ploshchad e Tekhnologichesky Institut, na linha azul, que percorre a cidade no sentido norte-sul, e deixou ao menos 14 mortos, segundo o último balanço do Ministério da Saúde. Apesar da explosão, o condutor ainda levou o trem até a parada Tekhnologichesky Institut para facilitar o resgate.
Inicialmente, falou-se em duas bombas, mas logo ficou claro que apenas uma havia explodido, provavelmente no terceiro vagão da composição. Pouco depois, um artefato contendo 1 kg de TNT foi achado em outra estação da cidade, mas o explosivo foi desarmado pelas forças de segurança. O material deve ter sido igual à aquele utilizado na bomba detonada.
Nesta terça, um novo alarme fechou novamente a estação Sennaya Ploshchad, mas nada foi encontrado. Há diversos grupos que teriam interesse em atacar a Rússia, a começar pelos jihadistas do Estado Islâmico (EI), que é alvo de bombardeios de Moscou, aliada do presidente Bashar al Assad, na Síria. Se essa hipótese se confirmar, terá sido o primeiro ataque da milícia em solo russo.
O EI reivindica o abatimento de um avião da Rússia que voava entre Sharm el Sheikh, no Egito, e São Petersburgo. Sua queda ocorreu na península egípcia do Sinai, em outubro de 2015, e deixou 224 mortos. Rita Katz, diretora do "Site", portal que monitora a atividade de extremistas na internet, relata que os canais ligados ao Estado Islâmico estão "relativamente quietos" e com pouca comemoração.
Hipóteses mais "tradicionais" apontariam para uma explosão causada por terroristas da Chechênia e do Daguestão, repúblicas russas que abrigam movimentos separatistas. Grupos dessas duas regiões já cometeram atentados nas principais cidades da Rússia, como Moscou e São Petersburgo, inclusive contra o sistema de transporte público.