As autoridades da Rússia contataram a polícia federal dos Estados Unidos (FBI, na sigla em inglês) dois anos atrás, antes do atentado na maratona de Boston, para alertar que Tamerlan Tsarnaev era um terrorista em potencial, de acordo com um relatório do Congresso lido em um tribunal norte-americano nesta quarta-feira.
O depoimento sobre o irmão mais velho e já morto de Dzhokhar Tsarnaev, o segundo autor do atentado recentemente condenado, surgiu no momento em que seus advogados lutam para livrá-lo da pena de morte, argumentando que ele era um peão no esquema, concebido por seu irmão com inspiração na Al Qaeda, para atacar a corrida mundialmente famosa.
Em 2011, as autoridades russas pediram ao FBI que as alertasse se Tamerlan viajasse à Rússia, onde disseram que ele cogitava se juntar a células terroristas, segundo um relatório de março de 2014 do Comitê de Segurança Nacional do Congresso lido a jurados em uma corte federal de Boston.
Apesar do aviso, Tamerlan esteve durante seis meses na região russa do Daguestão em 2012, procurando ansiosamente oportunidades de se envolver no jihadismo, de acordo com um relatório do FBI sobre uma entrevista com Magomed Kartashov, um parente da família Tsarnaev.
Kartashov disse aos investigadores que Tamerlan se inspirou em materiais radicais que encontrou na Internet e que resistiu à sua insistência para que repensasse suas intenções de participar de um grupo militante violento.
“Você convenceu minha mente, mas meu coração ainda quer fazer alguma coisa”, teria dito Tamerlan a Kartashov.
No começo deste mês, Dzhokhar Tsarnaev, um checheno étnico de 21 anos, foi considerado culpado por matar três pessoas e ferir 264 no atentado do dia 15 de abril de 2013 durante a prova, o pior em solo norte-americano desde o 11 de setembro de 2001.
Os promotores que pedem a pena capital para Dzhokhar o pintaram como um equivalente de seu irmão no ataque, citando material de propaganda da Al Qaeda encontrado em seu computador e um bilhete no qual pareceu insinuar que as bombas caseiras detonadas no final da corrida foram uma retribuição a campanhas militares dos EUA em países muçulmanos.
Martin Richard, de 8 anos, a estudante de intercâmbio chinesa Lu Lingzi, de 23, e a gerente de restaurante Krystle Campbell, de 29, morreram no atentado. Três dias depois, os irmãos Tsarnaev mataram a tiros o policial Sean Collier.
Os pais de Richard e a irmã de Collier se pronunciaram contra a pena de morte, pedindo um acordo no qual Tsarnaev receba prisão perpétua e abra mão do direito de apelar da sentença.
(Reportagem adicional de Richard Valdmanis)