A Frota do Mar Negro da Rússia, com base na cidade de Sebastopol, no sul da Ucrânia, negou nesta sexta-feira que seus militares ocuparam o aeroporto dessa cidade na península da Crimeia, conforme denunciou horas atrás o ministro do Interior da ex-república soviética, Arsen Avakov.
"Nenhum destacamento da Frota do Mar Negro foi mobilizado na região do Belbek (aeroporto de Sebastopol), muito menos participaram de seu bloqueio", destacou um porta-voz oficial da frota. No entanto, reconheceu que "devido à instabilidade em torno dos quartéis e dos locais de residência dos militares da Frota do Mar Negro na Crimeia, destacamentos antiterroristas da frota foram acionados para reforçar a segurança".
O ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, denunciou hoje o bloqueio por militares russos dos aeroportos de Sebastopol e Simferopol, a capital da Crimeia, ações que classificou como "invasão militar e ocupação".
"Dentro do aeroporto (de Sebastopol) há militares e guardas de fronteiras da Ucrânia. Mas fora, militares com uniformes com camuflagem e armados, sem distintivos, mas que não escondem pertencerem à Frota do Mar Negro da Rússia", escreveu Avakov em seu perfil do Facebook.
Em Simferopol, "119 militares com armas automáticas, uniformes camuflados e sem distintivos, chegaram ao aeroporto em vários caminhões, entraram no edifício e ocuparam o restaurante", denunciou Avakov.
"É uma provocação aberta para suscitar um conflito armado e causar derramamento de sangue. Já não é mais competência do Ministério do Interior. Quem deve se encarregar agora é o Conselho de Segurança e Defesa Nacional. Enquanto não houver um conflito armado, devem falar os diplomatas", concluiu.
Grupos armados similares tomaram ontem as sedes do Parlamento e do governo da república autônoma da Crimeia. Também ontem, o Legislativo da península aprovou a realização de um referendo, no próximo dia 25 de maio - a mesma data em que acontecerão as eleições presidenciais antecipadas ucranianas -, sobre a ampliação das competências da república autônoma.
"Você apoia a autodeterminação da Crimeia dentro da Ucrânia com base em acordos e tratados internacionais?", diz a pergunta que será apresentada para consulta popular. Cerca de 2 milhões de habitantes vivem na Crimeia, quase 60% deles são de etnia russa, 25% ucranianos e 12% tártaros.
Os russos da Crimeia acusam as novas autoridades em Kiev de usurpação do poder, após a deposição do ex-presidente Viktor Yanukovich, e de querer impor a cultura ucraniana. Por sua parte, os tártaros defendem a unidade e integridade territorial da Ucrânia e se opõem à realização do referendo.
A Crimeia, uma península banhada pelo Mar Negro e que é sede de uma base naval russa em Sebastopol, foi "dada" em 1954, pelo então líder soviético, Nikita Kruschev, à Ucrânia, uma das repúblicas que formavam a URSS.