Separatistas ucranianos rejeitam acordo concluído em Genebra

Líder separatista disse que acordo só será realizado caso presidente e premiê interinos deixem cargos que "ocuparam ilegalmente"

18 abr 2014 - 16h40
(atualizado às 16h41)
<p>Manifestantes pró-Rússia durante protestos nessa sexta-feira; eles rejeitaram acordo feito em Genebra na última semana</p>
Manifestantes pró-Rússia durante protestos nessa sexta-feira; eles rejeitaram acordo feito em Genebra na última semana
Foto: Reuters

Os separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia permaneceram inflexíveis e rejeitaram o acordo concluído em Genebra para tentar desativar a crise ucraniana. 

Entrincheirados na sede da administração regional de Donetsk, ocupada desde 6 de abril, os insurgentes rejeitaram o plano.

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"Estamos de acordo que os edifícios devem ser desocupados, mas antes (o primeiro-ministro Arseni) Yatseniuk e (o presidente Olexander) Turchynov devem sair dos edifícios que ocupam ilegalmente desde o golpe de Estado", declarou Denis Pushilin, um dos líderes dos separatistas.

Os separatistas preveem um referendo sobre a autonomia regional para 12 de maio. 

O presidente interino ucraniano, Olexander Turchynov, e o primeiro-ministro Arseni Iatseniuk prometeram uma importante descentralização da língua russa em novo regulamento nessa sexta-feira, além de um "status especial" para a língua russa.

A promessa, contudo, não parece convencer a Rússia, que mobilizou 40.000 homens na fronteira entre os dois país. O porta-voz do Kremlin confirmou nesta sexta-feira que há tropas russas mobilizadas perto da fronteira com a Ucrânia "devido a situação" neste país, em declarações à televisão Rossia 1.

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"Temos tropas em diferentes regiões e há tropas perto da fronteira ucraniana. Algumas estão baseadas na região, enquanto outras foram enviadas como reforços devido a situação na Ucrânia", declarou Dmitri Peskov.

Para surpresa de todos, os chefes da diplomacia ucraniana, russa, americana e europeia concluíram na quinta-feira um acordo em Genebra para reduzir a tensão no país, à beira de uma explosão com a insurreição do leste, que exige a integração à Rússia ou uma "federalização" da nação.

O acordo prevê o desarmamento de grupos ilegais e a retirada dos prédios ocupados, além de uma anistia para os que entregarem as armas, exceto para os que cometeram assassinatos.

O texto também estipula que o processo constitucional anunciado pelo governo de transição será "transparente" e incluirá todas as regiões ucranianas, assim como todas as entidades políticas.

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Candidata viaja ao leste

Yulia Tymoshenko, candidata à presidência, viajou por sua vez a Donetsk, uma grande cidade industrial no leste, onde espera se reunir com os rebeldes.

"Se ela quiser, ela pode vir nas barricadas, mas eu não aconselharia isso", disse Denis Pouchiline, um dos líderes da autoproclamada "república de Donetsk".

Apesar da rejeição dos insurgentes, as autoridades de Kiev decidiram respeitar sua parte no acordo.

Entenda a crise na Ucrânia

"O governo ucraniano está disposto a realizar uma reforma constitucional de envergadura que dará amplos poderes às regiões. Damos um status especial à língua russa e garantimos a proteção desta língua", declarou o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk em um discurso à nação ao lado do presidente interino Olexander Turchynov.

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"Queremos que se instale a concórdia na Ucrânia. O governo está disposto a modificar o código fiscal e orçamentário para dar recursos financeiros a cada território ucraniano", completou o primeiro-ministro.

Se a aplicação do acordo "não começar nos próximos dias, depois da Páscoa teremos ações mais concretas", declarou o ministro das Relações Exteriores, Andrei Dechtchitsa.

A 'operação antiterrorista' iniciada para retomar o controle das regiões do leste da Ucrânia não foi suspensa, mas não está em uma fase ativa, segundo o Serviço Especial Ucraniano (SBU).

Os misteriosos "homens de verde" armados, que segundo Kiev são militares russos e de acordo com Moscou "grupos locais de autodefesa", ainda controlam a cidade de Slaviansk, dominada há seis dias.

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O ex-chefe de Estado Maior ucraniano, Volodymyr Zamana, considerou que a Ucrânia deve preparar medidas "assimétricas" para impedir uma intervenção russa.

Além disso, separatistas - simples manifestantes ou grupos armados - permaneciam entrincheirados em prédios públicos de mais de 10 cidades de língua russa da Ucrânia.

Os separatistas pró-Moscou exigem um referendo sobre a incorporação à Rússia ou sobre a "federalização".

Mas o acordo de Genebra também decepcionou os partidários da unidade da Ucrânia, pois não inclui uma referência à integridade territorial do país nem exige que a Rússia interrompa a ocupação da Crimeia, como destacou Anatoli Gritsenko, ex-ministro da Defesa e candidato à presidência.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse na quinta-feira não ter certeza de que o acordo com Rússia e Kiev sobre a Ucrânia vá funcionar e afirmou que novas sanções serão impostas a Moscou, se necessário. Uma ameaça considerada por Moscou como "absolutamente inaceitável".

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Ucrânia x Rússia: Veja o poderio bélico dos dois países

Horas antes do acordo, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que esperava não ver-se obrigado a recorrer ao envio de Forças Armadas à Ucrânia.

A Rússia mantém quase 40 mil homens na fronteira entre os países e o presidente russo já afirmou em várias ocasiões que pretende defender "a qualquer preço" as pessoas de língua russa da ex-URSS.

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