Amedy Coulibaly, 32 anos, e Hayat Boumeddiene, 26, eram um casal tranquilo, educado e cordial. Por isso, alguns de seus vizinhos ficaram surpresos quando descobriram que os dois foram os responsáveis pelo sequestro em um mercado kosher de Paris, que terminou com quatro reféns mortos na última sexta-feira (9).
"Eles eram muito gentis, muito cordiais. Ela saía cedo para trabalhar, enquanto ele frequentemente não estava em casa. Estamos chocados, meus filhos não querem nem sair de casa", contou à ANSA uma mulher que mora ao lado da residência dos cônjuges terroristas. Coulibaly foi morto pela polícia, mas Boumeddiene conseguiu escapar da loja e continua foragida.
O casal residia em Fontenay-aux-Roses, cidade situada nos subúrbios da capital francesa. "Eu me lembro que quando ela veio viver aqui já usava véu, mas estava sempre com amigas e guiava uma moto", disse a vizinha. Mais tarde, a jovem trocou as duas rodas por um Renault Clio. Coulibaly e Boumeddiene eram casados apenas no religioso e passaram a dividir o mesmo teto há cerca de dois anos.
Na porta da casa deles, um adesivo com a frase "Je suis Charlie" ("Eu sou Charlie", em referência ao jornal "Charlie Hebdo") aparece rasgado. Antes de ser morto pela polícia, Coulibaly afirmou que agia para defender os "muçulmanos oprimidos no mundo e, em particular, a Palestina". A declaração foi revelada pela emissora BFM-TV, que falou por telefone com o assassino.
Uma testemunha do sequestro contou ao mesmo canal que Coulibaly não tinha medo de morrer e sabia que perderia sua vida. "Ele estava armado com dois [fuzis] Kalashnikov, uma faca e uma pistola. Ele entrou disparando, ficamos por horas ao lado de dois cadáveres", disse a fonte.