Em congresso extraordinário realizado neste domingo (21), em Bonn, os delegados do Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, aprovaram a aliança com a União Democrata-Cristã (CDU), liderada pela chanceler conservadora Angela Merkel, para governar a Alemanha pelos próximos quatro anos.
A renovação da chamada "Grosse Koalition" ("Grande Coalizão", em português) foi referendada por um placar de 362 a 279, deixando evidente a divisão dentro do SPD sobre a parceria com Merkel.
A coalizão CDU-SPD comandou a Alemanha entre 2013 e 2017, já que nenhum dos dois partidos - os maiores do país - tinha a maioria no Bundestag, o Parlamento nacional. O cenário se repetiu após as eleições de setembro passado, quando Merkel saiu vitoriosa, mas sem os números para governar sozinha.
Inicialmente, ela tentou negociar com o Partido Liberal-Democrático (FDP) e os Verdes, mas as conversas fracassaram por causa de divergências sobre políticas migratórias e ambientais. A chanceler então não teve saída e procurou o SPD, principal adversário da CDU.
"Estou convencido de que a estrada corajosa é a correta, e acho que não fará mal, mas sim reforçará o partido", declarou o líder social-democrata, Martin Schulz, que transcorrera toda a campanha eleitoral prometendo ficar na oposição em caso de derrota.
Schulz, eleito para comandar o SPD com a promessa de não repetir a "Grande Coalizão", que derrubou a popularidade do partido, só aceitou negociar com Merkel após pressões do presidente Frank-Walter Steinmeier. A aliança encontrou resistência principalmente na ala jovem da sigla, que tenta iniciar um movimento de renovação para evitar novas derrotas nas urnas.
"Devemos ser anões hoje para nos tornar de novo grandes amanhã", disse o líder da juventude do SPD, Kevin Kuhnert, de 28 anos. A aprovação da aliança encerra quatro meses de impasse e permite à Alemanha ter um governo novamente, ainda que Merkel inicie seu quarto mandato em uma situação de fragilidade inédita.