O ex-funcionário de inteligência Edward Snowden poderia receber passagem segura na Suíça se ele ajudar numa investigação criminal sobre espionagem norte-americana no país, afirmou a Promotoria Pública suíça nesta segunda-feira.
Ele provavelmente não seria extraditado para os Estados Unidos se o governo de Washington pedisse, mas também seria improvável que ele recebesse asilo político, de acordo com o documento que apresenta as opções legais da Suíça caso Snowden visite o país.
A Promotoria, que disponibilizou o documento à Reuters, ressaltou que a questão era "puramente hipotética" pois Snowden não havia sido convidado a sair de seu atual refúgio na Rússia, e não fez mais comentários sobre o assunto.
O documento foi vazado na semana passada e provocou um debate agitado na imprensa suíça.
Alguns políticos alemães sugeriram convidar Snowden a depor na Alemanha sobre espionagens da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos lá, mas Berlim descartou a questão para evitar um conflito com Washington sobre a extradição para os Estados Unidos.
Michael McCaul, líder republicano do Comitê de Segurança Interna da Câmara dos Deputados dos EUA, reagiu ao debate na Suíça dizendo à revista norte-americana Foreign Policy que Snowden não receber permissão de "comercializar as fontes e métodos da nossa comunidade de inteligência para conseguir abrigo em outros países".
De acordo com o documento suíço de três páginas "Edward Snowden teria livre movimento assegurado pelo promotor federal se ele cooperasse com uma investigação criminal" sobre atividades de espionagem dos EUA, que ele diz ter informações da época em que trabalhava em Genebra.
A Suíça não se comprometeria a um pedido de extradição dos EUA se ele for acusado de traição ou de divulgação de segredos de Estado pois tais acusações teriam um "caráter político" de acordo com a lei suíça, disse o documento.
Snowden trabalhou como técnico de informática para a Agência Central de Inteligência (CIA) na missão norte-americana para a Organização das Nações Unidas em Genebra, entre 2007 e 2009.
Ele disse ao jornal londrino Guardian que teve uma experiência "formativa" na cidade suíça enquanto a CIA deliberadamente embebedou um banqueiro suíço e o encorajou a ir dirigindo para casa.
Quando ele foi preso, um agente da CIA ofereceu uma intervenção e recrutou o banqueiro, afirmou Snowden. Algumas autoridades suíças já questionaram a existência do incidente.