Tripulante do Costa Concordia diz que foi obrigada a mentir para passageiros

25 nov 2013 - 12h33
(atualizado às 12h49)

Uma das assistentes do diretor do acidentado cruzeiro Costa Concordia, a peruana Jacqueline Elisabeth Abad Quine, contou nesta segunda-feira entre lágrimas que recebeu as ordens de comunicar aos passageiros que tudo estava sob controle, ao testemunhar no processo contra o capitão Francesco Schettino.

A peruana fez as declarações durante uma nova audiência em Grossetto (centro da Itália) do julgamento de Schettino, no qual é acusado do naufrágio do Concordia em 13 de janeiro de 2012 frente à costa da ilha italiana de Il Giglio e no qual perderam a vida 32 pessoas, entre elas dois peruanos e um espanhol.

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"Me ordenaram que dissesse aos passageiros que tinha havido um blecaute elétrico e que deveriam voltar às cabines", testemunhou Jacqueline reconstituindo os momentos anteriores ao naufrágio.

A peruana explicou: "os passageiros estavam assustados e queriam subir nos botes salva-vidas, mas nós não podíamos ajudá-los porque haviam nos ordenado o contrário".

O promotor mostrou hoje um vídeo gravado por um dos passageiros no qual se pode ver a integrante da tripulação comunicando em italiano: "tudo está sob controle, voltaremos em breve à normalidade" e dizendo aos passageiros para que voltassem a seus camarotes ou ao interior do navio.

Além disso, a testemunha, que chorou durante o depoimento, disse que a ordem do abandono da embarcação foi dada pela segunda comandante de bordo, Francesca Bosio, e que ela mesma deu aos passageiros a possibilidade de embarcar em um bote salva-vidas, embora o resto da tripulação continuasse sem receber essa ordem.

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Finalmente, Abad disse que contribuiu para formar uma "rede humana" com mais de 150 pessoas para embarcar nas lanchas, que acrescentou que "estavam lotadas".

O julgamento de Schettino começou em 17 julho e o capitão enfrenta uma possível condenação de 20 anos por ser acusado de homicídio culposo múltiplo, abandono da nave, naufrágio e de não ter informado às autoridades portuárias imediatamente sobre a colisão contra um obstáculo frente à ilha.

  
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