Turquia chama discurso do Papa Francisco de 'calúnia'

Ancara não descarta novas medidas contra o Vaticano

13 abr 2015 - 10h42
(atualizado às 10h45)
O papa Francisco durante celebração pelos 100 anos do "martírio armênio", no Vaticano, em 12 de abril
O papa Francisco durante celebração pelos 100 anos do "martírio armênio", no Vaticano, em 12 de abril
Foto: AP

O discurso do papa Francisco durante a missa deste domingo (12) continua a causar polêmica entre as autoridades turcas. Nesta segunda-feira (13), a Embaixada do país na Santa Sé emitiu uma nota dizendo que o discurso de Jorge Mario Bergoglio é uma "calúnia".

"O genocídio é um conceito jurídico e as reivindicações atuais não satisfazem os pré-requisitos da lei, mesmo que sejam baseadas em uma convicção amplamente difusa, isso é uma calúnia", escreveu em nota a representação diplomática.

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A mensagem continua dizendo que a fala do Pontífice "contradiz fatos históricos e jurídicos". "Depois de ter ressaltado sua vontade de promover a criação da paz e da amizade entre diversos grupos em todo o mundo desde o dia que foi eleito para o Pontificado, o papa Francisco fez uma discriminação entre o sofrimento, enfatizando só o sofrimento cristão, dos armênios. Com um ponto de vista seletivo, ignorou as tragédias que atingiram o povo turco e muçulmano que perderam suas vidas durante a Primeira Guerra Mundial", destacou a Embaixada.

Os representantes diplomáticos ainda ressaltaram que a Turquia "não tem nada a ver com os eventos de 1915" e que associar o país a isso é um fato "inaceitável".

Já o ministro das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, destacou à imprensa local que não descarta "novas medidas" contra o Vaticano e que tomará a decisão após o embaixador turco na Santa Sé dar explicações ao governo. "Para o povo turco e para a Turquia, as palavras do Papa são nulas", ressaltou Cavusoglu.

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Nesta segunda, durante a missa de Santa Marta, o sucessor de Bento XVI afirmou que a estrada da Igreja é a "franqueza", a "coragem cristã" de "dizer as coisas com liberdade". Sem citar diretamente o imbróglio, o argentino ressaltou os atos dos apóstolos Pedro e João para dizer que um cristão "não pode ficar quieto sobre as coisas que vê e escuta".

O caso

Na celebração pelos 100 anos do "martírio armênio", o Papa afirmou que "no século passado" ocorreram "três grandes tragédias: a primeira, aquela que vem comumente lembrada como o primeiro genocídio do século 20, essa atingiu vosso povo armênio". Continuando sua fala, o líder da Igreja Católica ressaltou que "além dos armênios, muitos católicos sírios e ortodoxos, além de assírios, caldeus e gregos" também foram assassinados.

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Assim que terminou a celebração, a Turquia convocou o embaixador do Vaticano em Ancara e o seu representante na Santa Sé para mostrar sua desaprovação pela fala de Jorge Bergoglio.

O governo turco se nega a aceitar que o que ocorreu entre os anos de 1915 e 1916 tenha sido um genocídio e combate uma guerra diplomática permanente para que outros países não reconheçam o fato como tal.

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O massacre ocorrido contra o povo armênio causou a morte de mais de um milhão e meio de pessoas e diversas entidades lutam pelo reconhecimento mundial de um "genocídio. As mortes ocorreram quando o partido chamado de "Jovens Turcos" atacou essa população que pertencia ao Império Otomano. Para muitos historiadores, ele é considerado um "holocausto turco" contra os armênios

Fonte: Ansa Brasil
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