Turquia: milhares vão a funeral de jovem morto pela polícia

Mais de 150 pessoas foram detidas ontem a noite em manifestações em várias cidades turcas

12 mar 2014 - 08h03
Manifestante levanta cartaz com foto de Berkin Elvan escrito "Queremos justiça", após o anúncio da morte do jovem de 15 anos, nesta terça-feira, 11 de março
Manifestante levanta cartaz com foto de Berkin Elvan escrito "Queremos justiça", após o anúncio da morte do jovem de 15 anos, nesta terça-feira, 11 de março
Foto: AFP

Dezenas de milhares de pessoas compareceram nesta quarta-feira em Istambul ao funeral de um jovem de 15 anos, que morreu na terça-feira depois de ter sido ferido pela polícia nos distúrbios antigovernamentais de junho de 2013.

"A polícia do AKP (Partido da Justiça e da Democracia, no poder) assassinou Berkin Elvan", gritava a multidão no bairro de Okmeydani.

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Mais de 150 pessoas foram detidas na terça-feira à noite durante as violentas manifestações em várias cidades turcas para denunciar a morte do adolescente de 15 anos.

Milhares de manifestantes se reuniram de forma espontânea na terça-feira em várias cidades do país depois da morte, horas antes, de Berkin Elvan, que estava em coma há 269 dias. O jovem foi gravemente ferido na cabeça por uma bomba de gás lacrimogêneo durante os protestos contra o governo em junho de 2013.

Elvan é a vítima mais recente da repressão das manifestações iniciadas na praça Gezi de Istambul. A morte elevou a sete o número de manifestantes falecidos durante os eventos que deixaram mais de 8.000 feridos. Um policial também morreu nos protestos.

A família de Berkin afirmou ter visto o adolescente pela última vez em 16 de junho, quando ele saiu do apartamento de um bairro operário no centro de Istambul para comprar pão.

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De acordo com testemunhas, o jovem foi atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo utilizada pela polícia durante as manifestações contra a "guinada autoritária" e "islamita" do governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, no poder desde 2002.

Analistas já haviam antecipado que o funeral do jovem em Istambul poderia virar uma grande mobilização contra o governo.

Tudo isto acontece a menos de três semanas das eleições municipais de 30 de março, no momento em que o governo de Erdogan enfrenta um escândalo de corrupção sem precedentes.

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