Turquia tem última ofensiva antes de eleição municipal

Eleição deste domingo é considerada decisiva em momento de autoritarismo e tensões no país

29 mar 2014 - 12h12
<p>Primeiro-ministro turco Tayyip Erdogan, ao centro, acompanhado de sua esposa e do candidato a prefeito Maltepe Edibe Sozen Yavuz, cumprimenta seus partidários durante um comício eleitoral do seu Partido AK, em Istambul, neste sábado, 29 de março</p>
Primeiro-ministro turco Tayyip Erdogan, ao centro, acompanhado de sua esposa e do candidato a prefeito Maltepe Edibe Sozen Yavuz, cumprimenta seus partidários durante um comício eleitoral do seu Partido AK, em Istambul, neste sábado, 29 de março
Foto: Reuters

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e a oposição disputam neste sábado os últimos votos dos eleitores, na véspera de uma eleição municipal crucial, em um contexto de perseguição policial após o vazamento de uma gravação de uma reunião secreta sobre a Síria.

Forçado a uma pausa de 24 horas por ter perdido a voz, Erdogan deve retomar sua campanha para uma última ofensiva dedicada exclusivamente a grande cidade de Istambul, cuja escolha eleitoral dará o tom da eleição em todo o país.

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"Quem vencer em Istambul, conquistará a Turquia", repetiu em diversas ocasiões Erdogan, que foi prefeito da maior cidade da Turquia.

O primeiro-ministro programou cinco discursos ao longo do dia, enquanto que o principal partido de oposição, o Partido Republicano do Povo (CHP) também escolheu encerrar sua campanha na megalópole com um grande comício.

Em Atasehir, Erdogan apelou os eleitores a votar em massa no domingo para "expor a traição" que tem sofrido, segundo ele. Ele defendeu, mais uma vez, a tese de conspiração orquestrada pelo pregador Fethullah Gülen, líder de um influente movimento religioso.

Candidato do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) no poder, o atual prefeito Kadir Topbas aparece à frente nas pesquisas de opinião de seu adversário do CHP, Mustafa Sarigül.

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Após semanas de uma campanha tensa, com episódios de violência, a eleição de domingo se anuncia como um referendo para Erdogan, de 60 anos, cuja maioria islamo-conservadora reina sobre o país há doze anos.

Dez meses após as manifestações que deixaram o governo em alerta, Erdogan e seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002, encaram este teste eleitoral em uma posição desconfortável.

Desde 17 de dezembro, o chefe do partido islâmico conservador é alvo de denúncias de corrupção que lhe valeram críticas na Turquia e no exterior.

Estas acusações ganharam força com a publicação na internet de uma série de conversas telefônicas comprometedoras pirateadas.

Ao longo da campanha eleitoral, o primeiro-ministro tem se defendido denunciando "uma conspiração" organizada por seus antigos aliados da confraria do pregador muçulmano Fethullah Gülen e pediu a seus partidários a dar-lhe "uma boa lição" em 30 de março.

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Esta disputa teve seu auge na quinta-feira com a publicação do áudio de uma reunião confidencial em que as autoridades turcas discutiam uma intervenção militar na Síria.

Nesta gravação pirata, quatro líderes turcos, entre eles o próprio ministro das Relações Exteriores e o chefe do serviço secreto (MIT) Hakan Fidan falam sobre a hipótese de uma operação para justificar uma intervenção militar da Turquia na Síria.

Após a abertura de uma investigação judicial por "espionagem e traição", um primeiro suspeito foi colocado sob custódia na sexta à noite em Ancara. Universitário especializado em questões de segurança, Önder Aytaç, foi libertado neste sábado, de acordo com a cadeia CNN-Türk.

A polícia turca procura outros suspeitos e também pessoas próximas ao movimento de Gülen.

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