Ucrânia ameaça Crimeia após forças russas tomarem base naval
O presidente interino ucraniano comunicou que se o almirante da marinha ucraniana capturado nesta quarta-feira não for libertado, autoridades tomarão "as medidas adequadas"
O governo central da Ucrânia, em Kiev, ameaçou nesta quarta-feira adotar represálias contra as autoridades da Crimeia se persistirem as "provocações" contra as tropas ucranianas na península, depois que forças russas tomaram o controle da base naval ucraniana e içaram a bandeira da Rússia.
A tomada do controle da sede naval ucraniana no porto do Mar Negro de Sebastopol, em clima tenso, mas pacífico, indicou a intenção de Moscou de neutralizar qualquer oposição armada.
Soldados da Rússia e as chamadas unidades de autodefesa, formadas principalmente de voluntários desarmados que estão apoiando as tropas russas em toda a península, chegaram no início da manhã e rapidamente assumiram o controle do local.
O porta-voz militar ucraniano Vladislav Seleznyov disse que o comandante da Marinha da Ucrânia, almirante Serhiy Haiduk, foi expulso por unidades que pareciam forças especiais russas. Em Kiev, o presidente interino, Oleksander Turchinov, ameaçou tomar medidas se a pressão sobre as forças ucranianas na Crimeia não parar.
"Se até as 21h todas as provocações contra as tropas ucranianas não pararem e o almirante Haiduk e todos os outros reféns ... não forem liberados, as autoridades vão tomar as medidas adequadas, inclusive de natureza técnica e tecnológica", disse ele em um comunicado publicado on-line.
A maior parte da eletricidade, água e comida consumidas na Crimeia vem da parte continental da Ucrânia e os comentários de Turchinov deram a entender que o país poderia reduzir os suprimentos.
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"Os militares russos estão cinicamente se recusando a negociar o fim das provocações e a libertação dos reféns", disse Turchinov.
A agência de notícias russa Itar-Tass informou que Alexander Vitko, comandante da frota russa do Mar Negro, cuja sede fica em Sebastopol, estava participando das conversações na base.
Logo após a ocupação da base, o ministro interino da Defesa da Ucrânia, Ihor Tenyukh, disse em Kiev que as forças do país não se retirarão da Crimeia ainda que o presidente russo, Vladimir Putin, tenha assinado uma lei que torna a região parte da Rússia.
No entanto, uma hora depois, militares ucranianos, desarmados e à paisana, começaram a caminhar para fora da base. Em poucos minutos, um grupo de soldados usando uniforme ucraniano, parecendo em estado de choque pela virada dramática dos acontecimentos, também saiu do local.
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Proteção de fascistas
Mais tarde, o primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, pró-Ocidente, ordenou que o ministro da Defesa Tenyukh e seu primeiro vice-primeiro ministro, Vitaly Yarema, voassem para a Crimeia para "resolver a situação".
Mas o novo primeiro-ministro da Crimeia desde a invasão russa, Sergey Askyonov, declarou que Yarema e Tenyukh não seriam autorizados a aterrissar na região.
Milhares de soldados russos assumiram o controle da Crimeia depois que em um referendo no fim de semana na região -- onde a maioria da população é de etnia russa -- os eleitores votaram amplamente pela secessão da Ucrânia e integração à Federação Russa.
Putin disse que a sua decisão de ocupar a Crimeia foi justificada pelo que ele definiu como "fascistas" que derrubaram do poder no mês passado o presidente ucraniano Viktor Yanukovich, pró-Rússia, depois de três meses de protestos de rua violentos.
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A Ucrânia e os governos de países ocidentais rejeitaram o referendo, que qualificaram de "farsa" e dizem que as ações de Putin são injustificáveis.
Presença da Rússia na Crimeia ameaça guerra com Ucrânia
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1 de março de 2014 - Homem ucraniano para em frente de tropa como forma de protesto pela 'invasão russa' ao país. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica, que abriga uma grande base naval
Foto: AP
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1 de março de 2014 - Civis observam militares uniformizados sem identificação que estão bloqueando base naval na Ucrânia
Foto: AFP
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1 de março de 2014 - Religioso ortodoxo reza próximo aos militares uniformizados em cidade da Crimeia. O senado da Rússia autorizou a invasão de tropas russas à Ucrânia neste sábado, 1 de março
Foto: Reuters
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1 de março de 2014 - Pessoas olham para homens não identificados em uniforme militar bloqueando uma base da unidade de guarda fronteira ucraniana em Balaclava
Foto: AFP
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1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AFP
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1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AFP
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1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AP
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1 de março de 2014 - Homem uniformizado olha de cima de um veículo militar enquanto tropas tomam o controle dos escritórios da Guarda Costeira em Balaclava, periferia de Sevastopol, Ucrânia
Foto: AP
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1 de março de 2014 - Tropas russas sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia
Foto: Reuters
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3 de março - Soldado ucraniano olha movimento perto de uma barreira na base de Sevastopol. Rússia deu ultimato à Ucrânia de retirada dos soldados
Foto: AFP
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3 de março de 2014 - Helicóptero militar russo voa perto de Simferopol, Crimeia, nesta segunda-feira
Foto: Reuters
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3 de março de 2014 - Homem armado, possível soldado russo, em porto da cidade de Kerch, na Crimeira
Foto: Reuters
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3 de março de 2014 - Homens uniformizados seguram bandeira russa em base militar na vila de Perevalne, próximo a Simferopol. Cerca de mil homens armados se colocaram próximos à brigada naval da Ucrânia desde ontem. Tropas russas e aviões militares ultrapassaram as fronteiras estabelecidas na Crimeia nesta segunda-feira
Foto: AFP
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3 de março de 2014 - Soldados ucranianos em uma brigada militar no porto de Sevastopol, perto de Balbek. Forças russas chegaram a dar um ultimato para a retirada dos soldados ucranianos da Crimeia, mas, depois, negaram o feito
Foto: AFP
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3 de março de 2014 - Soldado pró-Rússia aponta arma para base naval ucraniana na vila de Novoozerne, que fica cerca de 90km da capital da Crimeia. Forças russas estão controlando uma região estratégica do país
Foto: AP
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5 de março de 2014 - Soldados russos vigiam local onde estão ancorados dois navios da Ucrânia, em Sebastopol, na Crimeia
Foto: AP
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7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia. O presidente Barack Obama disse nesta quiinta-feira, 6, que o referendo sobre a incorporação da Crimeia à Rússia é inconstitucional e viola as regras internacionais
Foto: EFE
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7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia
Foto: EFE
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7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia
Foto: EFE
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7 de março de 2014 - Dois soldados ucranianos observam enquanto um grupo de militares armados caminha próximo a um acesso à base militar localizada em Perevalnoye, nos arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: EFE
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7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia. A Ucrânia disse que aceita dialogar com a Rússia, mas exige que Moscou retire suas tropas do país
Foto: Reuters
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7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: Reuters
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7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: Reuters
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11 de março - Soldado ucraniano caminhanas ruas da vila de Stavki, próxima à Crimeia, nesta terça-feira
Foto: Reuters
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10 de março - Militares russos mancham em área de fronteira com uma base militar ucraniana em Perevalnoye, nesta segunda-feira
Foto: Reuters
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11 de março - Homem armado, possivelmente russo, é visto do lado de fora de uma unidade militar da Ucrânia na vila de Perevalnoye nesta terça-feira
Foto: Reuters
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11 de março - Homens armados, possivelmente russos, conversam próximo à base militar ucraniana em Perevalnoye, que fica próxima à Simferopol
Foto: Reuters
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22 de março - Soldado ucraniano observa movimento através de uma janela quebrada em Novofedoricka. Cerca de 200 soldados pró-Moscou invadiram base da Ucrânia neste sábado
Foto: AFP
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22 de março - Sebastopol: militantes pró-Moscou isolam área de base militar ucraniana em Belbek neste sábado
Foto: AFP
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22 de março -Militante pro-Moscou joga bomba na direção de ucranianos neste sábado, na base de Novofedorivka, onde mais de 200 homens russos invadiram e expulsaram ucranianos neste sábado
Foto: AFP
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22 de março - Homens armados, provavelmente russos, guardam base militar na cidade de Belbek, Crimeia, neste sábado
Foto: Reuters
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22 de março -Homens armados, provavelmente russos, guardam base militar na cidade de Belbek, Crimeia, neste sábado
Foto: Reuters
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22 de março - Civis são retirados de área da Ucrânia onde houve uma invasão de soldados pró-Moscou neste sábado
Foto: Reuters
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22 de março - Homens armados da Ucrânia e da Rússia são vistos numa em base área militar na cidade de Belbek, próximo à Sebastopol
Foto: Reuters
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22 de março - Soldados pró-russos escondem atrás de carro na base militar aérea de Sebastopol
Foto: AP
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22 de março- Militantes tártaros e russos correm em área da base ucraniana invadida neste sábado. Cerca de 200 soldados armados tomaram controle do local e expulsaram os ucranianos
Foto: AP
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