Ucrânia ameaça Crimeia após forças russas tomarem base naval

O presidente interino ucraniano comunicou que se o almirante da marinha ucraniana capturado nesta quarta-feira não for libertado, autoridades tomarão "as medidas adequadas"

19 mar 2014 - 18h38
<p>Oficial da marinha ucraniana deixa a base naval de Sebastopol. Tropas russas apoiadas por ativistas desarmados ocuparam nesta-quarta a sede naval da Ucrânia</p>
Oficial da marinha ucraniana deixa a base naval de Sebastopol. Tropas russas apoiadas por ativistas desarmados ocuparam nesta-quarta a sede naval da Ucrânia
Foto: Reuters

O governo central da Ucrânia, em Kiev, ameaçou nesta quarta-feira adotar represálias contra as autoridades da Crimeia se persistirem as "provocações" contra as tropas ucranianas na península, depois que forças russas tomaram o controle da base naval ucraniana e içaram a bandeira da Rússia.

A tomada do controle da sede naval ucraniana no porto do Mar Negro de Sebastopol, em clima tenso, mas pacífico, indicou a intenção de Moscou de neutralizar qualquer oposição armada.

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Soldados da Rússia e as chamadas unidades de autodefesa, formadas principalmente de voluntários desarmados que estão apoiando as tropas russas em toda a península, chegaram no início da manhã e rapidamente assumiram o controle do local.

O porta-voz militar ucraniano Vladislav Seleznyov disse que o comandante da Marinha da Ucrânia, almirante Serhiy Haiduk, foi expulso por unidades que pareciam forças especiais russas. Em Kiev, o presidente interino, Oleksander Turchinov, ameaçou tomar medidas se a pressão sobre as forças ucranianas na Crimeia não parar.

"Se até as 21h todas as provocações contra as tropas ucranianas não pararem e o almirante Haiduk e todos os outros reféns ... não forem liberados, as autoridades vão tomar as medidas adequadas, inclusive de natureza técnica e tecnológica", disse ele em um comunicado publicado on-line.

A maior parte da eletricidade, água e comida consumidas na Crimeia vem da parte continental da Ucrânia e os comentários de Turchinov deram a entender que o país poderia reduzir os suprimentos.

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"Os militares russos estão cinicamente se recusando a negociar o fim das provocações e a libertação dos reféns", disse Turchinov.

A agência de notícias russa Itar-Tass informou que Alexander Vitko, comandante da frota russa do Mar Negro, cuja sede fica em Sebastopol, estava participando das conversações na base.

Logo após a ocupação da base, o ministro interino da Defesa da Ucrânia, Ihor Tenyukh, disse em Kiev que as forças do país não se retirarão da Crimeia ainda que o presidente russo, Vladimir Putin, tenha assinado uma lei que torna a região parte da Rússia.

No entanto, uma hora depois, militares ucranianos, desarmados e à paisana, começaram a caminhar para fora da base. Em poucos minutos, um grupo de soldados usando uniforme ucraniano, parecendo em estado de choque pela virada dramática dos acontecimentos, também saiu do local.

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Proteção de fascistas

Mais tarde, o primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, pró-Ocidente, ordenou que o ministro da Defesa Tenyukh e seu primeiro vice-primeiro ministro, Vitaly Yarema, voassem para a Crimeia para "resolver a situação".

Mas o novo primeiro-ministro da Crimeia desde a invasão russa, Sergey Askyonov, declarou que Yarema e Tenyukh não seriam autorizados a aterrissar na região.

Milhares de soldados russos assumiram o controle da Crimeia depois que em um referendo no fim de semana na região -- onde a maioria da população é de etnia russa -- os eleitores votaram amplamente pela secessão da Ucrânia e integração à Federação Russa.

Putin disse que a sua decisão de ocupar a Crimeia foi justificada pelo que ele definiu como "fascistas" que derrubaram do poder no mês passado o presidente ucraniano Viktor Yanukovich, pró-Rússia, depois de três meses de protestos de rua violentos.

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A Ucrânia e os governos de países ocidentais rejeitaram o referendo, que qualificaram de "farsa" e dizem que as ações de Putin são injustificáveis.

Presença da Rússia na Crimeia ameaça guerra com Ucrânia

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