Ucrânia coloca tropas em alerta e adverte para chance de guerra
A Ucrânia colocou suas Forças Armadas em alerta de combate neste sábado e avisou a Rússia de que qualquer intervenção militar no país poderá levar a uma guerra
A Ucrânia colocou suas Forças Armadas em alerta de combate neste sábado e avisou a Rússia de que qualquer intervenção militar no país poderá levar a uma guerra.
Após uma reunião de mais de três horas com chefes de segurança e defesa, o presidente interino do país, Oleksander Turchinov, disse que não há justificativa para o que chamou de "agressão russa contra o seu país".
Ao lado de Turchinov, o primeiro-ministro, Arseny Yatseniuk, afirmou que já pediu à Rússia que recue suas tropas para a base na região da Crimeia durante uma conversa por telefone com o premiê russo, Dmitry Medvedev, e pediu negociações. "A intervenção militar seria o começo da guerra e o fim de qualquer relação entre a Ucrânia e a Rússia", disse Yatseniuk a repórteres.
Maior impasse desde a Guerra Fria
A afirmação aberta de Putin sobre o direito de enviar tropas para um país de 46 milhões de habitantes na Europa Central criou o maior impasse entre a Rússia e o Ocidente desde a Guerra Fria.
A medida também rejeita o apelo de líderes ocidentais por uma não intervenção russa, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que na véspera pronunciou um discurso transmitido pela televisão para avisar Moscou das consequências de uma eventual ação.
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Tropas sem identificação, mas claramente russas - algumas em veículos com placas registradas na Rússia - já tomaram a Crimeia, uma península isolada no Mar Negro onde Moscou tem uma base militar. As novas autoridades de Kiev não têm sido capazes de intervir na região.
O Ocidente pediu uma resposta, mas até agora isso tem sido limitado a palavras de raiva de Washington e seus aliados europeus. Uma autoridade dos EUA disse que o secretário de Defesa norte-americano, Chuck Hagel, conversou com o seu homólogo russo, Sergei Shoigu. O funcionário disse que não houve mudança de postura militar dos EUA.
A chefe de Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, afirmou que a aprovação russa para o uso da força na Ucrânia representava uma escalada injustificada e exortou Moscou a não enviar tropas ao país vizinho.
Da Suécia, o chanceler Carl Bildt disse que a ação russa era "claramente contra a lei internacional". O presidente tcheco, Milos Zeman, lembrou a invasão soviética da Tchecoslováquia em 1968.
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"Necessidade urgente de alívio (da tensão) na Crimeia", pediu o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, em mensagem no Twitter. "Os aliados da Otan continuam acompanhando de perto".
A Grã-Bretanha convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para este sábado com o objetivo de discutir os acontecimentos na Ucrânia.
Putin pediu ao Parlamento para aprovar o uso da força "em conexão com a situação extraordinária na Ucrânia, a ameaça à vida dos cidadãos da Federação Russa, os nossos compatriotas" e para proteger a Frota do Mar Negro na Crimeia.
A Câmara Alta rapidamente aprovou o pedido de forma unânime em uma votação que foi transmitida pela TV.
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A autorização durará "até a normalização da situação sociopolítica no país", disse Putin em seu pedido. Sua justificativa - a necessidade de proteger os cidadãos russos - era a mesma que ele usou para lançar uma invasão da Geórgia, onde as forças russas tomaram duas regiões separatistas e as reconheceram como independentes em 2008.
Até agora não houve nenhum sinal de ação militar russa na Ucrânia para além da Crimeia, a única parte do país com uma maioria étnica russa, que em muitas vezes expressou intenções separatistas.
Enquanto a tensão aumentava neste sábado, manifestações se tornaram violentas em cidades do leste, onde a maioria das pessoas, embora etnicamente ucraniana, fala russo, e muitas apoiam Moscou e o presidente deposto Viktor Yanukovich.
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1 de março de 2014 - Homem ucraniano para em frente de tropa como forma de protesto pela 'invasão russa' ao país. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica, que abriga uma grande base naval
Foto: AP
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1 de março de 2014 - Civis observam militares uniformizados sem identificação que estão bloqueando base naval na Ucrânia
Foto: AFP
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1 de março de 2014 - Religioso ortodoxo reza próximo aos militares uniformizados em cidade da Crimeia. O senado da Rússia autorizou a invasão de tropas russas à Ucrânia neste sábado, 1 de março
Foto: Reuters
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1 de março de 2014 - Pessoas olham para homens não identificados em uniforme militar bloqueando uma base da unidade de guarda fronteira ucraniana em Balaclava
Foto: AFP
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1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AFP
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1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AFP
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1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AP
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1 de março de 2014 - Homem uniformizado olha de cima de um veículo militar enquanto tropas tomam o controle dos escritórios da Guarda Costeira em Balaclava, periferia de Sevastopol, Ucrânia
Foto: AP
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1 de março de 2014 - Tropas russas sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia
Foto: Reuters
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3 de março - Soldado ucraniano olha movimento perto de uma barreira na base de Sevastopol. Rússia deu ultimato à Ucrânia de retirada dos soldados
Foto: AFP
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3 de março de 2014 - Helicóptero militar russo voa perto de Simferopol, Crimeia, nesta segunda-feira
Foto: Reuters
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3 de março de 2014 - Homem armado, possível soldado russo, em porto da cidade de Kerch, na Crimeira
Foto: Reuters
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3 de março de 2014 - Homens uniformizados seguram bandeira russa em base militar na vila de Perevalne, próximo a Simferopol. Cerca de mil homens armados se colocaram próximos à brigada naval da Ucrânia desde ontem. Tropas russas e aviões militares ultrapassaram as fronteiras estabelecidas na Crimeia nesta segunda-feira
Foto: AFP
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3 de março de 2014 - Soldados ucranianos em uma brigada militar no porto de Sevastopol, perto de Balbek. Forças russas chegaram a dar um ultimato para a retirada dos soldados ucranianos da Crimeia, mas, depois, negaram o feito
Foto: AFP
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3 de março de 2014 - Soldado pró-Rússia aponta arma para base naval ucraniana na vila de Novoozerne, que fica cerca de 90km da capital da Crimeia. Forças russas estão controlando uma região estratégica do país
Foto: AP
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5 de março de 2014 - Soldados russos vigiam local onde estão ancorados dois navios da Ucrânia, em Sebastopol, na Crimeia
Foto: AP
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7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia. O presidente Barack Obama disse nesta quiinta-feira, 6, que o referendo sobre a incorporação da Crimeia à Rússia é inconstitucional e viola as regras internacionais
Foto: EFE
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7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia
Foto: EFE
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7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia
Foto: EFE
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7 de março de 2014 - Dois soldados ucranianos observam enquanto um grupo de militares armados caminha próximo a um acesso à base militar localizada em Perevalnoye, nos arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: EFE
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7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia. A Ucrânia disse que aceita dialogar com a Rússia, mas exige que Moscou retire suas tropas do país
Foto: Reuters
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7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: Reuters
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7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: Reuters
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11 de março - Soldado ucraniano caminhanas ruas da vila de Stavki, próxima à Crimeia, nesta terça-feira
Foto: Reuters
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10 de março - Militares russos mancham em área de fronteira com uma base militar ucraniana em Perevalnoye, nesta segunda-feira
Foto: Reuters
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11 de março - Homem armado, possivelmente russo, é visto do lado de fora de uma unidade militar da Ucrânia na vila de Perevalnoye nesta terça-feira
Foto: Reuters
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11 de março - Homens armados, possivelmente russos, conversam próximo à base militar ucraniana em Perevalnoye, que fica próxima à Simferopol
Foto: Reuters
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22 de março - Soldado ucraniano observa movimento através de uma janela quebrada em Novofedoricka. Cerca de 200 soldados pró-Moscou invadiram base da Ucrânia neste sábado
Foto: AFP
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22 de março - Sebastopol: militantes pró-Moscou isolam área de base militar ucraniana em Belbek neste sábado
Foto: AFP
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22 de março -Militante pro-Moscou joga bomba na direção de ucranianos neste sábado, na base de Novofedorivka, onde mais de 200 homens russos invadiram e expulsaram ucranianos neste sábado
Foto: AFP
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22 de março - Homens armados, provavelmente russos, guardam base militar na cidade de Belbek, Crimeia, neste sábado
Foto: Reuters
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22 de março -Homens armados, provavelmente russos, guardam base militar na cidade de Belbek, Crimeia, neste sábado
Foto: Reuters
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22 de março - Civis são retirados de área da Ucrânia onde houve uma invasão de soldados pró-Moscou neste sábado
Foto: Reuters
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22 de março - Homens armados da Ucrânia e da Rússia são vistos numa em base área militar na cidade de Belbek, próximo à Sebastopol
Foto: Reuters
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22 de março - Soldados pró-russos escondem atrás de carro na base militar aérea de Sebastopol
Foto: AP
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22 de março- Militantes tártaros e russos correm em área da base ucraniana invadida neste sábado. Cerca de 200 soldados armados tomaram controle do local e expulsaram os ucranianos
Foto: AP
"A guerra chegou"
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Apesar de não haver dúvidas de que as tropas não identificadas que já tomaram a Crimeia sejam russas, o Kremlin ainda não confirmou abertamente. Um porta-voz do governo russo disse que Putin ainda não tinha decidido sobre a intervenção e que ainda esperava evitar uma nova escalada.
O ritmo acelerado dos acontecimentos abalou os novos líderes da Ucrânia, que tomaram o poder em um país à beira da falência quando Yanukovich fugiu de Kiev na semana passada depois de a polícia matar dezenas de manifestantes da oposição na capital do país.
A crise na Ucrânia começou em novembro do ano passado, quando Yanukovich, sob pressão de Moscou, desistiu de assinar um pacto de livre comércio com a UE para estreitar os laços com a Rússia.
Após o anúncio do pedido de Putin para intervir, o presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchynov, convocou uma reunião de seus chefes de segurança. Vitaly Klitschko, outro líder da oposição, pediu uma mobilização geral.
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Na Praça da Independência de Kiev, onde os manifestantes acamparam durante meses em protesto contra Yanukovich, um filme de Segunda Guerra Mundial sobre a Crimeia era exibido em uma tela gigante. O ex-ministro do Interior Yuri Lutsenko interrompeu para anunciar: "A guerra chegou."
Na Crimeia em si, a chegada das tropas foi aplaudida pela maioria russa. Na cidade costeira de Balaclava, as famílias posaram para fotos com os soldados.
"Eu quero viver com a Rússia. Eu quero me juntar à Rússia", disse Alla Batura, de 71 anos, que viveu em Sebastopol por 50 anos. "Eles são bons... estão nos protegendo, assim nos sentimos seguros."
Mas nem todo mundo estava tranquilo. Inna, balconista de 21 anos, disse: "Estou em estado de choque. Não entendo o que diabos é isso... As pessoas dizem que eles vieram aqui para nos proteger. Quem sabe?"
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Para muitos na Ucrânia, a perspectiva de um conflito militar era arrepiante. "Quando um eslavo luta contra outro eslavo, o resultado é devastador", disse Natalia Kuharchuk, uma contadora em Kiev. "Que Deus nos salve".
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