Ucrânia: conflito no leste força a fuga de moradores

Retomada das operações pelas forças do governo causaram confrontos em torno de Donetsk e perto da cidade fronteiriça de Lugansk; mais de 300 separatistas teriam morrido em Slaviansk

4 jun 2014 - 14h03
<p>Membro de milícia pró-Rússia monta guarda em um posto de controle na cidade de Slaviansk, leste da Ucrânia. Forças do governo ucraniano lutavam contra separatistas nesta quarta-feira, o que obrigou moradores a fugirem</p>
Membro de milícia pró-Rússia monta guarda em um posto de controle na cidade de Slaviansk, leste da Ucrânia. Forças do governo ucraniano lutavam contra separatistas nesta quarta-feira, o que obrigou moradores a fugirem
Foto: Maxim Zmeyev / Reuters

As forças do governo ucraniano lutavam contra os separatistas com artilharia e armas automáticas nesta quarta-feira no segundo dia consecutivo de conflitos em torno da cidade oriental de Slaviansk, o que obrigou muitos moradores assustados a fugirem.

O governo de Kiev, tentando reprimir rebeliões de milícias pró-Rússia, que teme poderiam levar ao desmembramento do país, disse que mais de 300 rebeldes foram mortos nas últimas 24 horas na "operação antiterrorista" centrada na cidade, um reduto separatista estrategicamente localizado.

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Os rebeldes negam e dizem que as perdas do lado ucraniano ultrapassaram as deles durante a ofensiva do governo, que começou na terça-feira.

Em um posto de controle do Exército na orla da cidade, pesados bombardeios de artilharia podiam ser ouvidos e uma nuvem de fumaça negra cobriu a periferia. Fugindo dos combates, as famílias passaram pelo posto de controle em pequenos grupos, levando consigo apenas o que conseguiam transportar.

"Está uma bagunça", disse Marina, uma jovem que chorava agarrada ao braço do marido. "É guerra".

Com o filha de 4 anos de idade, Andrei Bander, de 37 anos, disse que temia não poder voltar para casa em breve.

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"Levamos apenas o que é mais necessário. Nós estamos indo. Nós nem sequer sabemos para onde. Iremos para a Rússia, porque é claro que precisamos deixar a Ucrânia. Eu não vejo nada de bom sair daqui", disse ele, à espera de um táxi, com apenas alguns pequenos sacos.

"Nos últimos dias, das 5h30 da manhã até cerca das 13 horas, ficamos sentados no porão. Nós não tínhamos tempo para almoçar ou tomar banho ou qualquer coisa."

Um porta-voz das forças do governo, Vladyslav Seleznyov, disse que dois soldados foram mortos e 45 ficaram feridos em combates "pesados" desde que o governo lançou sua ofensiva perto de Slaviansk, usando aviões, helicópteros e artilharia.

Separatistas, que controlavam a cidade desde o início em abril, negaram o número de vítimas divulgado pelo governo e afirmaram ter derrubado um helicóptero do Exército, o que foi negado por Kiev.

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"Os relatos sobre 300 mortos não são verdadeiros. As perdas do lado ucraniano são maiores do que as nossas", disse Aleksander Boroday, "primeiro-ministro" da autoproclamada República Popular de Donetsk, segundo a agência de notícias Interfax.

"Temos informações de que a tomada da cidade de Donetsk está sendo preparada por forças inimigas e estamos sendo forçados a tomar medidas como a mobilização de voluntários", disse ele.

Logo depois de uma retumbante vitória na eleição de 25 de maio, o presidente eleito, Petro Poroshenko, ordenou a retomada das operações pelas forças do governo para reprimir a rebelião pró-Rússia no leste, cuja maioria da população é de língua russa.

Com a retomada das operações houve confrontos em torno de Donetsk e perto da cidade fronteiriça de Luhansk, com vítimas em ambos os lados.

O governo de Kiev disse que os conflitos estão sendo incitados pelo governo russo. Kiev também acusa a Rússia de deixar combatentes voluntários cruzarem para a Ucrânia para lutar ao lado dos rebeldes.

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Moscou nega e renovou os pedidos nesta quarta-feira de que a Ucrânia suspenda as operações militares e inicie o diálogo com os separatistas.

Entenda a crise na Ucrânia

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