Ucrânia marca reunião de emergência após invasão em Slaviansk

12 abr 2014 - 14h24
(atualizado às 14h46)

O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, convocou uma reunião de emergência do conselho de segurança nacional em Kiev neste sábado depois que separatistas pró-russos ocuparam prédios do governo na cidade de Slaviansk, leste do país.

"Às 21h00 locais (15h00 de Brasília), uma reunião será realizada pelo conselho de segurança e defesa da Ucrânia devido à situação no leste do país", disse um porta-voz do presidente interino.

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Ativistas pró-russos tomaram neste sábado o controle de vários prédios da polícia no leste da Ucrânia, em um novo desafio para o governo pró-Ocidental de Kiev, confrontado com a ameaça de desmembramento do país.

Depois da ocupação de uma delegacia e da sede dos serviços de segurança em Slaviansk, homens armados com pedaços de pau conseguiram invadir outra sede das forças de ordem em Donetsk, a grande cidade do leste da Ucrânia.

Nesta região, grupos insurgentes pró-russos, alguns armados, já havia dominado há quase uma semana a sede do governo local de Donetsk e dos Serviços de Segurança (SBU) de Lugansk, duas cidades localizadas a poucos quilômetros da fronteira russa.

Os manifestantes exigem a anexação da região à Federação Russa, ou ao menos um referendo para conseguir mais autonomia regional.

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O presidente russo Vladimir Putin, que prometeu proteger "a qualquer preço" a população russa dos países da ex-União Soviética, mobilizou na fronteira com a Ucrânia cerca de 40 mil soldados, segundo a Otan, que teme uma invasão.

Diferença entre manifestantes e terroristas

"Homens armados, com roupa de camuflagem, tomaram a delegacia de Slaviansk", escreveu o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov, em seu Facebook. "É a diferença entre manifestantes e terroristas", acrescentou, antes de anunciar o envio de forças especiais.

Neste contexto, o chanceler russo Serguei Lavrov considerou inadmissíveis as ameaças de Kiev de lançar um ataque contra os prédios ocupados pelos manifestantes em Donetsk e Lugansk.

Segundo a polícia e a prefeita de Slaviansk, os atacantes são oriundos de Donetsk, cidade situada a 60 km de Slaviansk, que foi tomada por agentes policiais. Em Donetsk, foram 200 manifestantes pró-russos armados com paus que conseguiram entrar, sem encontrar resistência, na sede da polícia. Dezenas de membros das forças antidistúrbios enviadas para reforçar a vigilância do prédio agitavam fitas laranjas e negras, símbolo dos partidários da Rússia.

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O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, viajou na sexta-feira para o leste do país para tentar buscar uma saída para a insurreição. Yatseniuk fez uma visita de algumas horas a Donetsk, uma das duas cidades de língua russa no leste. Ele também se comprometeu a realizar revisões constitucionais para reforçar o poder das administrações locais, que hoje são nomeadas por Kiev.

Mas os separatistas, com o apoio de Moscou, pedem que a Constituição seja revisada para fazer da Ucrânia uma federação, uma ideia rejeitada por Kiev, que se recusa a ir além da "descentralização".

Yatseniuk não se reuniu diretamente com os insurgentes, mas Rinat Akkmetov, o homem mais rico do país e que exerce grande influência na região, participou das discussões e tem servido de intermediário.

Kiev e Washington acusam os serviços secretos russos de estarem por trás da instabilidade no leste da Ucrânia, mas o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, garantiu na sexta, 11, que Moscou "não tem militares ou agentes" na região.

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E, retomando a guerra de palavras, Lavrov denunciou "a atual incitação a sentimentos anti-Rússia que coincidem com o aumento do racismo e da xenofobia em muitos países europeus, com o aumento do número de grupos radicais e com o fechar de olhos para o fenômeno do neonazismo, na Ucrânia e em outros lugares".

A declaração foi feita horas depois de o presidente americano, Barack Obama, ter alertado que uma escalada russa na Ucrânia pode provocar novas sanções contra Moscou.

A agitação no leste da Ucrânia tem suscitado temores de uma repretição do que aconteceu na Crimeia, península ucraniana no Mar Negro anexada à Rússia, em março.

Kiev acusa Moscou de tentar "desmembrar" o país e inviabilizar a eleição presidencial programada para 25 de maio. Os favoritos para a Presidência são, de fato, pró-europeus, determinados a aproximar os 46 milhões de ucranianos à União Europeia.

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A questão muito sensível do fornecimento de gás russo também entra no debate. A UE lembrou à Rússia, que fornece cerca de um quarto de seu gás, "seu dever de respeitar seus compromissos", depois de Vladimir Putin ter exigido na quinta-feira o pagamento por parte dos europeus da dívida de gás da Ucrânia para que o seu fornecimento não seja ameaçado.

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