O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, culpou as forças de segurança do país pelas 40 mortes ocorridas em Odessa, na sexta-feira.
Em entrevista à BBC, Yatsenyuk afirmou que será feita uma "investigação completa e independente" do que aconteceu na cidade, no sudoeste do país.
"Eu culpo as forças de segurança e todos outros envolvidos por não terem feito nada para evitar as mortes", afirmou o premiê.
"A promotoria vai investigar todos eles, começando pelo chefe da polícia, quem está abaixo dele e cada policial individualmente", acrecentou.
O primeiro-ministro disse que o chefe de polícia de Odessa já foi afastado do cargo, acrescentando que "as forças de segurança foram ineficazes e violaram a lei".
A maioria das vítimas eram separatistas pró-russos que morreram em um incêndio após se isolarem com barricadas dentro de um edifício onde funciona a sede de um sindicato.
Segundo autoridades, algumas vítimas foram sufocadas pela fumaça enquanto outras morreram ao pular do alto do prédio.
De acordo com testemunhas, as milícias atiravam contra a multidão na rua quando coquetéis molotov foram lançados contra o prédio e o puseram em chamas.
No sábado, centenas de pessoas se reuniram em frente ao local da tragédia para expressar sua raiva e frustração, muitos carregando flores em memória das vítimas.
Yatsenyuk ponderou, no entanto, que foram os separatistas que "provocaram" o incidente.
'Verdadeira guerra'
Ele acusou a Rússia e manifestantes pró-russos de orquestrar "uma verdadeira guerra... para eliminar a Ucrânia e eliminar a independência do país".
Questionado sobre grupos pró-russos que ocuparam prédios públicos em cidades do leste, Yatsenyuk afirmou que o governo "não perdeu totalmente o controle" e que "muito dependerá da população local, se vão querer apoiar a paz e segurança".
Os comentários do premiê ocorrem em meio a uma ofensiva do governo para retomar cidades ocupadas por milícias separatistas no leste.
Tropas ucranianas cercaram Sloviansk, bastião da resistência pró-Rússia.
Em Donetsk, a correspondente da BBC Sarah Rainsford afirma que as forças de segurança bloquearam estradas que dão acesso à cidade, mas estão por enquanto concentrando esforços em garantir o controle de vilarejos próximos.
Segundo Rainsford, a população da cidade acredita que o local deverá ser invadido em breve.
No sábado houve confrontos violentos na cidade de Kramatorsk. Segundo o ministério do Interior, o Exército retomou o controle da torre de uma TV.
Segundo autoridades em Kiev, ao menos duas pessoas morreram na cidade. Já de acordo com fontes russas, o número de mortos chega a dez.