Ucrânia: presidente acusa golpe e diz que oposição 'ultrapassou limites'

"Os líderes da oposição negligenciaram o princípio da democracia, segundo o qual se chega ao poder após as eleições, e não pelas ruas", disse Viktot Yanukovytch; ao menos 21 pessoas morreram nessa terça-feira

19 fev 2014 - 02h08
(atualizado às 03h39)
<p>Confrontos nessa terça-feira foram bastante violentos</p>
Confrontos nessa terça-feira foram bastante violentos
Foto: Reuters

A oposição ucraniana "ultrapassou os limites" em sua tentativa de chegar ao poder pelas ruas, e os culpados serão julgados - advertiu o presidente ucraniano, Viktot Yanukovytch, nesta quarta-feira (hora local), enquanto prosseguia a operação policial para recuperar a Praça da Independência (Maidan), em Kiev.

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O presidente acusou os opositores de "tentativa de tomada do poder", de maneira anticonstitucional. "Os líderes da oposição negligenciaram o princípio da democracia, segundo o qual se chega ao poder após as eleições, e não pelas ruas (...) Eles ultrapassaram os limites, apelando ao povo que tome as armas", declarou o presidente, em um pronunciamento à nação.

"É uma violação gritante da lei, e os culpados vão comparecer perante a Justiça", completou o presidente.

O presidente condenou os líderes opositores por terem convocado "os radicais no Maidan para uma luta armada", inclusive antes que se iniciasse a sessão parlamentar desta terça, na qual "se poderia promulgar leis que mudariam a Ucrânia".

"Bloquearam o Parlamento (...) e exigiram todo o poder para a oposição de maneira imediata", continuou. "Sem contar com um mandato popular, os que se dizem políticos tentaram tomar o poder, violando a Constituição, tendo como resultado violência e assassinatos", ressaltou, referindo-se às vítimas letais dos confrontos de terça-feira.

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Ele disse ainda que a oposição "deve tomar distância em relação aos radicais, ou, do contrário, reconhecer que os apoia". "Nesse caso, falaremos de maneira muito diferente", advertiu.

Ao menos 21 pessoas, sendo nove policiais e 12 civis, morreram nas últimas 24 horas nos violentos distúrbios em Kiev, a capital da Ucrânia, segundo informações atualizadas nesta quarta-feira pelos ministérios de Interior e Saúde do país.

Na terça à noite, manifestantes ocuparam as sedes da administração regional e de polícia na cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, de maioria nacionalista, constatou um jornalista da AFP.

Cerca de 500 opositores ao regime se concentraram na frente da direção do governo regional e, depois de jogar pedras e outros artefatos no prédio, entraram sem encontrar resistência. Mais de 100 ativistas ocuparam a sede da polícia regional.

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Os manifestantes ergueram barricadas na frente do prédio da polícia e atearam fogo à parte do mobiliário retirado de dentro do edifício. A sede dos Serviços Especiais (SBU) foi invadida; veículos, destruídos; e arquivos, queimados.

Os opositores também tomaram as armas de uma unidade militar de Lviv, na quarta de madrugada. Depois de confrontos com lançamento de coquetéis molotov, que provocaram incêndios em prédios militares, cerca de cinco mil manifestantes controlaram o depósito de armas.

Na região de Ternopil (oeste), os opositores lançaram coquetéis Molotov contra a chefia de polícia local, que também pegou fogo.

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