Ucrânia se prepara para eleição em meio a risco de divisão

Para União Europeia e Estados Unidos eleição presidencial é crucial para o fim da crise ucraniana

22 mai 2014 - 16h34
<p>Membros de uma comissão eleitoral regional se preparam para a próxima eleição presidencial na sede do comitê executivo na cidade ucraniana de Krasnoarmeisk, na região de Donetsk em 19 de maio</p>
Membros de uma comissão eleitoral regional se preparam para a próxima eleição presidencial na sede do comitê executivo na cidade ucraniana de Krasnoarmeisk, na região de Donetsk em 19 de maio
Foto: Reuters

A Ucrânia se prepara para a eleição presidencial de domingo, no momento em que o país atravessa uma difícil situação econômica e social, diante da ameaça de divisão.

"Esta é a eleição mais importante desde a independência" do país, em 1991, quando a União Soviética se desintegrou, considera o cientista político Volodimir Fesenko, diretor do centro de análises políticas Penta, em Kiev.

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"A sobrevivência do Estado ucraniano depende desta eleição", acrescentou, ressaltando que um governo e um presidente interinos dirigem o país desde o fim de fevereiro, dando lugar a acusações de ilegitimidade por parte da Rússia e dos separatistas pró-Rússia que ocupam desde abril prédios públicos nas regiões de Lugansk e Donetsk, no leste do país.

Donetsk é o centro econômico e político da bacia mineradora de Donbass, onde vivem 7,3 milhões de habitantes dos 45,5 milhões da Ucrânia.

Para União Europeia e Estados Unidos, que apoiaram o movimento de protesto que levou à queda do presidente pró-russo Viktor Yanukovytch, a eleição do próximo domingo é crucial para o fim da crise e da maior disputa entre potências ocidentais e a Rússia desde o fim da União Soviética.

Já os especialistas consideram que faltam rostos novos para a eleição. Muitos candidatos já foram ministros ou primeiros-ministros nos últimos dez anos. Os candidatos ultranacionalistas, provenientes de movimentos muito ativos nas barricadas da Praça da Independência de Kiev durante a mobilização que derrubou Yanukovytch em fevereiro, perderam progressivamente a popularidade que tinham.

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As pesquisas apontam como vencedor o bilionário pró-ocidental Petro Poroshenko com mais de 30% das intenções de voto, muito à frente de Yulia Tymoshenko, figura emblemática da Revolução Laranja de 2004, e do pró-russo Serguei Tiguipko.

Poroshenko prometeu "pôr fim à crise com a Rússia em três meses".

Tymoshenko promete fazer com que a Ucrânia seja totalmente independente da Rússia em matéria de energia até 2020, explorando o gás ucraniano, e é partidária da entrada de Kiev na UE.

O vencedor pode dispor de 27 bilhões de dólares de empréstimos prometidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pela União Europeia (UE) e pelo Banco Mundial, em troca de reformas difíceis de aplicar e, muitas vezes, impopulares.

Os candidatos percorreram o país, à exceção das regiões orientais, nas quais ocorrem confrontos frequentes entre o Exército ucraniano e separatistas.

Depois de lançar uma operação militar no dia 13 de abril para retomar o controle das regiões de Donetsk e Lugansk, em poder de grupos pró-Rússia, o governo de Kiev tenta agora retomar o diálogo com os cidadãos do leste da Ucrânia.

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A Comissão Eleitoral já advertiu que é incapaz de organizar a votação em muitas partes das regiões de Donetsk e Lugansk, que no dia 13 de maio declararam sua soberania após a realização de referendos de independência.

Entenda a crise na Ucrânia

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