Ucrânia sofre revés com saída de soldados de Debaltsevo

Revés na guerra aconteceu nesta quarta-feira após dura resistência dos rebeldes

18 fev 2015 - 17h23
(atualizado às 18h45)
Soldados ucranianos se retiraram da cidade de Debaltsevo
Soldados ucranianos se retiraram da cidade de Debaltsevo
Foto: Gleb Garanich / Reuters

A Ucrânia sofreu nesta quarta-feira um duro revés na guerra que já dura dez meses contra os separatistas pró-Rússia no leste do país. Após uma dura resistência e fustigados pelos rebeldes, os soldados do governo deixaram Debaltsevo, a estratégica cidade que liga as duas fortificações separatistas de Donetsk e Lugansk, onde os combates continuam apesar do cessar-fogo acertado na semana passada em Minsk.

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, confirmou que 80% do contingente ucraniano desdobrado em Debaltsevo, atacada desde ontem pelas milícias separatistas, tinha se retirado da cidade.

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"Nesta manhã as Forças Armadas da Ucrânia e a Guarda Nacional concluíram a operação para a retirada ordenada de Debaltsevo. Já saíram 80% das unidades", disse Poroshenko, antes de voar para a área do conflito, onde se reuniu com alguns dos soldados que tinham defendido a cidade.

Ele acrescentou que "as unidades saíram de maneira ordenada, com todo seu armamento, com carros de combate, blindados, peças de artilharia e veículos de transporte".

Também a jornalista Anastasia Stanko, do canal ucraniano "Hromadske TV", assinalou que os soldados da 168ª brigada das Forças Armadas ucranianas e os combatentes do batalhão de voluntários "Krivbas", que estavam cercados há semanas, saíram a pé após romper o cerco das milícias rebeldes.

Essa informação foi contradita pelos porta-vozes dos rebeldes, que afirmaram que em vez de uma retirada organizado houve a rendição de milhares de soldados desmoralizados que teriam deposto suas armas antes de abandonar a cidade graças a um corredor aberto pelas milícias.

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Ucrânia e Kiev assinam acordo de cessar-fogo
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O subchefe do comando militar separatista em Donetsk, Eduard Basurin, chegou a dizer que até três mil soldados governamentais tinham morrido nos combates, um número não confirmado por outras fontes e que poderia ser parte da guerra de propaganda desenvolvida paralelamente à disputa bélica.

Como amostra do controle assumido pelos separatistas, o líder da autoproclamada república de Donetsk, Alexander Zakharchenko, se apressou a nomear a um prefeito de Debaltsevo.

Segundo a agência de imprensa dos rebeldes, DÃO, o novo regedor, Alexánder Afendik, já ordenou criar "um grupo de trabalho para reconstruir" a cidade, arrasada pelos bombardeios de artilharia, e para recuperar o mais rápido possível a vida normal.

Os combates pelo controle de Debaltsevo se intensificaram há um mês e não só não cessaram, mas aumentaram, desde que no último dia 12 foi pactuado em Minsk um novo acordo para por fim ao conflito.

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A Rússia justificou a ofensiva pró-russa contra Debaltsevo, e alegou que o cessar-fogo não incluía esse estratégico elo de comunicações.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, insistiu que as milícias insurgentes tinham sitiado as forças governamentais e lamentou as tentativas de Kiev de romper o cerco. E o presidente Vladimir Putin tinha pedido ontem que Poroshenko ordenasse a retirada de suas tropas de Debaltsevo.

Ainda falta ver se após conquista-la os rebeldes pararão com a ofensiva permitindo que avancem nos pontos seguintes do acordo de Minsk, como a retirada das armas pesadas e a criação de uma zona de segurança, antes de passar aos aspectos mais políticos do documento.

Os protagonistas deste acordo, os líderes de Alemanha, França, Rússia e Ucrânia, voltaram hoje a falar por telefone após a queda de Debaltsevo para manter o trabalho empreendido nas negociações de paz.

Embora ninguém tenha dado definitivamente como quebrado o cessar-fogo, todas as opções estão abertas neste conflito.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, voltou hoje a acusar a Rússia de proporcionar apoio aos separatistas "dando a eles equipamentos pesados, armas avançadas, forças e treinamento" e exigiu que Moscou retire "todas suas forças" de território ucraniano.

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