Ucrânia sugere possível referendo sobre status do país

O referendo seria realizado no dia das eleições presidenciais, 25 de maio; manifestantes ao leste querem anexação à Rússia ou federalização do país

14 abr 2014 - 07h33
(atualizado às 10h24)

O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, sugeriu nesta segunda-feira a possibilidade de organizar um referendo sobre o status do país no mesmo dia das eleições presidenciais, previstas para 25 de maio.

"Nos últimos dias se falou muito sobre um referendo nacional. Não somos contrários à celebração de um referendo em toda a Ucrânia", declarou Turchynov durante uma reunião de líderes dos grupos políticos no Parlamento.

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A mudança inesperada aconteceu poucas horas depois do fim do prazo do ultimato apresentado por Turchynov aos separatistas para que entregassem as armas e abandonassem os prédios públicos ocupados no sudeste do país.

Até agora, o presidente ucraniano havia rejeitado de maneira taxativa a ideia, apoiada pela Rússia, de submeter o status do país a um referendo. 

Ucrânia X Rússia: compare o poder bélico dos dois países

"Tenho certeza de que a maioria dos ucranianos se pronunciará a favor de uma Ucrânia indivisível, independente, democrática e unida", completou o presidente interino.

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<p>Um homem armado pró-Rússia perto do gabinete do prefeito em Slaviansk, nesta segunda-feira. Cidades no leste da Ucrânia preparam para uma ação militar das forças governamentais do país</p>
Um homem armado pró-Rússia perto do gabinete do prefeito em Slaviansk, nesta segunda-feira. Cidades no leste da Ucrânia preparam para uma ação militar das forças governamentais do país
Foto: Reuters

Separatistas que assumiram, há alguns dias, o controle de prédios oficiais no leste do país exigem a celebração de referendos locais sobre a anexação de regiões de língua russa do leste e do sul da Ucrânia à Rússia ou uma "federalização" do país.

A Rússia defende uma "federalização" que, para Moscou, é a única maneira de garantir os "interesses legítimos" das regiões de língua russa do leste e do sul da Ucrânia.

Turchynov não revelou que projeto poderia ser submetido a referendo.

Ativistas civis cobrem os olhos para descrever o que eles dizem ser "inatividade da polícia" em meio à escalada da crise, com cartazes mostrando ilustrações do ucraniano ministro do Interior, Arsen Avakov, durante um comício em frente à sede do ministério, em Kiev nesta segunda-feira
Foto: Reuters

As autoridades pró-Ocidente de Kiev, que chegaram ao poder após a queda do regime pró-Moscou no fim de fevereiro e que a Rússia não reconhecem, haviam rejeitado até o momento qualquer ideia de "federalização".

Ocidente

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Vários ataques coordenados foram lançados no sábado em cidades do leste da Ucrânia de língua russa, uma região de fronteira com a Federação Russa, por homens armados que usavam uniformes sem emblemas e que tomaram prédios oficiais.

O presidente da França, François Hollande, e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, condenaram de forma veemente os atos de violência nos últimos dias na Ucrânia, onde insurgentes pró-Moscou enfrentam o governo em várias cidades do leste do país, anunciou o governo francês.

O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, acusou nesta segunda-feira a Rússia de responsabilidade pelo aumento da tensão na Ucrânia e pediu que a União Europeia adote mais sanções.

Para o governo da Alemanha existem "muitos sinais" de um apoio da Rússia aos grupos armados que operam na Ucrânia.

Os ministros europeus das Relações Exteriores estavam reunidos em Luxemburgo para debater a crise e possíveis novas sanções contra a Rússia.

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Mas a Rússia criticou o que considera a "hipocrisia" dos países ocidentais a respeito dos acontecimentos na Ucrânia.

"A violência em Maidan (a praça de Kiev centro das manifestações pró-Ocidente), que terminou com dezenas e dezenas de mortos, era considerada democracia, enquanto se fala de terrorismo sobre as manifestações pacíficas que acontecem neste momento no sudeste da Ucrânia", declarou o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"A hipocrisia supera os limites", completou o chefe da diplomacia russa.

Nesta segunda-feira a situação era calma em Slaviansk, cidade do leste da Ucrânia símbolo das tensão, onde grupos armados pró-Moscou assumiram no sábado o controle de edifícios da polícia e das forças de segurança.

O presidente ucraniano havia estabelecido como prazo até as 9H00 (3H00 de Brasília) para que os insurgentes entregassem as armas e abandonassem os edifícios.

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Mas Slaviansk permanecia sob controle das forças separatistas, sem a presença de qualquer força governamental, segundo correspondentes da AFP.

Diante da sede do governo municipal era possível observar homens armados, com o mesmo uniforme e com aspecto profissional.

Quase mil habitantes estavam reunidos no centro da cidade e prometeram ficar no local até a celebração de um referendo de anexação à Rússia.

Ao contrário da sugestão do presidente ucraniano sobre um possível referendo nacional, os manifestantes separatistas exigem consultas locais, que teriam mais chances de resultados favoráveis.

No domingo, as autoridades pró-Ocidente de Kiev iniciaram uma "operação antiterrorista" para tentar acabar com os distúrbios no leste do país.

Segundo o ministro do Interior, Arsen Avakov, a contraofensiva deixou um morto e cinco feridos entre as forças ucranianas e "um número indeterminado" de vítimas entre os ativistas pró-Moscou.

Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU terminou sem qualquer avanço.

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O aumento da tensão provocou o temor de que Moscou aproveite a oportunidade para uma intervenção militar. O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu defender "a qualquer preço" os cidadãos russos nos países da ex-União Soviética.

Negociações estão previstas para quinta-feira em Genebra entre Estados Unidos, UE, Rússia e Ucrânia, para tentar encontrar uma solução à pior crise desde o fim da Guerra Fria.

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