Vaticano 'volta atrás' e ameniza abertura a gays na Igreja

As alterações sinalizaram as tensões vivas entre bispos conservadores e progressistas na assembleia

17 out 2014 - 09h18
(atualizado às 09h19)
<p>O papa Francisco ajusta seu solidéu durante audiência semanal na Praça São Pedro, no Vaticano, na quarta-feira</p>
O papa Francisco ajusta seu solidéu durante audiência semanal na Praça São Pedro, no Vaticano, na quarta-feira
Foto: Alessandro Bianchi / Reuters

O Vaticano fez mudanças cruciais na tradução em inglês de passagens sobre homossexualidade em um documento polarizador nesta quinta-feira, amenizando uma mensagem que vinha sendo vista como uma grande mudança de tom em relação aos gays.

As alterações sinalizaram as tensões vivas entre bispos conservadores e progressistas na assembleia a portas fechadas, conhecida como sínodo, na qual se debatem temas voltados à família como homossexualidade, divórcio e controle de natalidade.

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Entre as mudanças estão a substituição da frase "acolher estas pessoas (homossexuais)" pela nova versão "prover para estas pessoas".

A palavra "fraternal" em uma passagem que clamava a necessidade de “um espaço fraternal” para homossexuais na Igreja foi apagada da tradução do italiano para o inglês sem explicação.

O documento provisório emitido na segunda-feira, meio termo do sínodo de duas semanas com cerca de 200 bispos de todo o mundo, foi saudado por grupos de direitos gays e progressistas da Igreja como um avanço, mas causou o repúdio dos conservadores.

Exibindo uma mudança de tom dramática, o documento declarou que os homossexuais têm “dons e qualidades a oferecer” à comunidade católica e indagou se o catolicismo pode aceitar os gays e reconhecer aspectos positivos do casamento do mesmo sexo. Não houve alterações na tradução destas passagens.

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Os conservadores haviam prometido mudar a linguagem na versão final, a ser divulgada depois do fim do encontro, no domingo.

Um porta-voz do Vaticano disse na sexta-feira que as mudanças foram feitas depois que alguns participantes apontaram erros na primeira tradução em inglês, a única alterada.

Mas repórteres presentes a uma entrevista coletiva questionaram a nova tradução, dizendo que ela não é fiel ao texto em italiano, que não foi modificado e que o Vaticano considera como o texto oficial.

“Sou italiano, e isso não é uma tradução. É uma falsificação”, tuitou Massimo Faggioli, teólogo e historiador que está escrevendo sobre a assembleia.

A versão italiana mantém a palavra “accogliere”, que significa “acolher”, e não “prover”.

A Igreja Católica ensina que as tendências homossexuais não são um pecado, mas os atos sim, e se opõe ao casamento gay.

Sumários de dez grupos de discussão separados por idioma divulgados nesta quinta-feira indicaram que muitos bispos querem mudanças na versão final do documento, que ainda trata de temas como coabitação, divórcio e controle de natalidade.

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