Veto ao "burkini" na França se estende a 12 municípios

18 ago 2016 - 11h01

Mais de 10 municípios proibiram na França o uso do "burkini" em suas praias, informou nesta quinta-feira o jornal "Nice Matin" sobre uma medida que goza do respaldo do primeiro-ministro, Manuel Valls.

A Cannes, Villeneuve Loubet e Mandelieu se somaram Saint Jean Cap Ferrat, Beaulieu-sur-Mer, Eze, Villefranche e Cap d'Ail, o que eleva a oito as proibições na côte D'Azur francesa.

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Suas motivações são similares, segundo "Nice Matin", e freiam o acesso ao banho a quem não usar um traje "correto, que respeite os bons costumes, o princípio de laicismo e as regras de higiene".

No resto da França, Cisco, na Córsega, Le Touquet e Oye Plage, no norte, e Leucate, no sudeste, adotaram essa mesma proibição ou anunciaram a intenção de fazê-la em próximos dias.

Os prefeitos partidários da proibição receberam ontem o apoio de Valls, que, em entrevista ao jornal "La Provence", considerou que essa peça de roupa "não é compatível" com os valores da França.

"As praias, como todo espaço público, têm que ser preservadas de toda reivindicação religiosa", opinou o primeiro-ministro, para quem o "burkini" "não é uma nova gama de trajes de banho, uma moda", mas "a tradução de um projeto político, baseado principalmente na submissão da mulher".

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O socialista Valls descartou legislar a respeito e apostou, por outro lado, pelo cumprimento firme das leis em vigor contra a burca e o niqab, que só deixa ver os olhos, em centros educativos de primária e ensino médio.

O partido conservador Os Republicanos, principal grupo da oposição, e ao qual pertencem boa parte dos prefeitos que vetaram o "burkini", não se posicionou contra essa peça, mas alguns de seus representantes reivindicam ao Executivo medidas específicas.

Legislar "é o mínimo que deve fazer", disse hoje a deputada europeia e candidata às primárias dos Republicanos Nadine Morano no jornal "Le Figaro".

"O 'burkini' é a declinação do véu integral na praia. (...) É uma publicidade ambulante para o islã radical que os franceses já não suportam. Proponho endurecer a lei", pediu Morano, que quer inclusive expulsar do território as mulheres reincidentes que não sejam de nacionalidade francesa.

O ex-primeiro-ministro conservador François Fillon se limitou no Twitter a respaldar os que vetaram o "burkini", enquanto a líder do ultradireitista Frente Nacional, Marine le Pen, se alinhou com Morano ao dizer que esse maiô islâmico "deve ser proibido das praias francesas".

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"É uma questão de laicismo republicano, de ordem pública, certamente; mas além disse, trata-se da essência da França: A França não esconde o corpo da mulher, não esconde a metade da população sob o pretexto errôneo e odioso do medo à tentação da outra metade", concluiu.

  
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