A evacuação de civis da cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, foi interrompida em meio a acusações de violações do cessar-fogo por parte das forças de ocupação russas.
A trégua temporária havia sido anunciada pela própria Rússia para a manhã deste sábado (5) e permitiria a saída de pessoas por meio de corredores humanitários, como tinha sido acordado nas negociações entre Moscou e Kiev em Belarus.
"Devido ao fato de que o lado russo não aderiu ao cessar-fogo e continua bombardeando Mariupol e seus arredores, a evacuação da população civil foi adiada", diz um comunicado divulgado pela prefeitura nas redes sociais.
Mariupol tem cerca de 450 mil habitantes e está sob cerco da Rússia desde o início da semana, o que provocou o corte no abastecimento de água potável.
"Pedimos para todos os residentes de Mariupol se dispersarem e ir para lugares onde possam se abrigar", acrescenta a nota, ressaltando que negociações estão em curso para retomar a evacuação.
Já o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse em coletiva de imprensa que "ninguém se apresentou nos corredores humanitários" abertos neste sábado - além de Mariupol, o cessar-fogo envolve o município de Volnovakha, de pouco mais de 20 mil habitantes.
"Esperamos que o acordo sobre os corredores humanitários seja aplicado e que seja permitido aos civis deixar a Ucrânia", ressaltou o chanceler. As autoridades de Mariupol afirmam que a Rússia não respeitou a trégua ao longo do percurso concordado, que terminaria em Zaporizhzhia.
Estima-se que mais de 200 mil pessoas possam deixar Mariupol e que outras 15 mil possam sair de Volnovakha, cidade que, segundo o deputado local Dmytro Lubinets, foi 90% danificada pelos bombardeios russos.
"Os cadáveres não foram recolhidos, e as pessoas que se escondem nos abrigos estão ficando sem comida", disse o parlamentar ao jornal Kyiv Independent.
O sul da Ucrânia tem sido um dos principais palcos da guerra, já que a Rússia tenta bloquear o acesso ao Mar Negro. A cidade de Kherson, de 300 mil habitantes, já foi conquistada pelas forças de ocupação, que agora seguem em direção a Odessa, terceiro município mais populoso do país, com 1 milhão de moradores.
"Pedimos que vocês não se desloquem para a costa de Odessa. É perigoso para a vida de vocês", afirma uma mensagem divulgada pela Marinha ucraniana.
Em Kherson, civis saíram às ruas neste sábado para protestar contra a invasão, mas foram dispersados por tiros de advertência das tropas da Rússia.
Até o momento, a guerra na Ucrânia já gerou mais de 1,2 milhão de refugiados, e o conflito será tema de uma nova reunião do Conselho de Segurança da ONU na próxima segunda-feira (7).