Ex-advogado admite crime eleitoral e implica Trump

Michael Cohen se declara culpado em oito acusações, como ter pagado pelo silêncio de duas mulheres que teriam se envolvido com magnata

22 ago 2018 - 07h09
(atualizado às 07h58)

Michael Cohen, ex-advogado pessoal do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confessou nesta terça-feira (22/08) ser culpado em oito acusações, como a de ter comprado o silêncio de duas mulheres, a pedido do então candidato à presidência, "com a intenção de influenciar as eleições" presidenciais de 2016. A declaração implica que Trump pode está envolvido em crime eleitoral.

Após meses de investigações, nas quais era considerado o principal culpado, Cohen fez um acordo com a Justiça americana e se declarou culpado em cinco acusações de fraude fiscal, uma de fraude bancária e duas por violação das leis de financiamento das campanhas eleitorais, afirmou o promotor Robert Khuzami.

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Ao responder o questionamento do juiz William Paule, Cohen confessou ter pagado as quantias de 130 mil e 150 mil dólares a duas mulheres que afirmavam ter mantido relações com Trump, em troca do silêncio de ambas. Ele disse ter agido "em coordenação e sob a direção de um candidato a um cargo federal" e "com a intenção de influenciar as eleições".

Cohen (c) admitiu ter agido sob pedido de Trump para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels e de uma modelo
Cohen (c) admitiu ter agido sob pedido de Trump para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels e de uma modelo
Foto: DW / Deutsche Welle

Apesar de Cohen não ter mencionado os nomes das duas mulheres, os valores se referem a pagamentos já conhecidos feitos a Stormy Daniels, atriz de filmes pornográficos que alega ter tido uma breve ligação com Trump em 2006; e a Karen McDougal, ex-modelo da revista Playboy que afirma ter tido um caso com Trump entre 2006 e 2007. A confissão pode significar que o presidente dos Estados Unidos pode ter cometido um crime federal.

Cohen, chamado de o "pitbull" do presidente, trabalhou para Trump durante mais de dez anos. Em certo momento, chegou a afirmar que "levaria um tiro" por seu cliente. As acusações contra o ex-advogado são passíveis de pena máxima de cinco anos de prisão, exceto a acusação de declaração fraudulenta a um banco, que poderá lhe render 30 anos de cadeia.

Também nesta terça-feira, outro colaborador próximo do presidente, o ex-chefe de campanha Paul Manafort, foi considerado culpado por um júri popular de cinco acusações de sonegação fiscal, três de fraude bancária, uma por não informar contas bancárias no exterior em 2012 e duas por mentir para obter empréstimos.

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A pena para Manafort será decidida em julgamento posterior. Se for condenado à sentença máxima por cada um dos crimes de fraude fiscal e bancária dos quais foi considerado culpado, ele poderá passar o resto da vida na prisão.

Manafort foi condenado após acusações feitas pelo procurador especial Robert Mueller, encarregado da investigação sobre uma suposta ingerência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 e potencial obstrução da Justiça, num processo que Trump considera uma "caça às bruxas".

O presidente lamentou a condenação de Manafort, mas disse que isso "não tem nada a ver com o conluio russo". "Isso não me envolve", assegurou.

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