O ex-advogado do presidente Donald Trump, Michael Cohen, divulgou na terça-feira, 24, a gravação na qual os dois aparecem conversando antes das eleições de 2016 sobre um possível pagamento para calar a ex-modelo da Playboy Karen McDougal, que alega ter tido um caso com o republicano.
A gravação, entregue à emissora CNN pelo advogado de Cohen, Lanny Davis, e cuja existência foi reconhecida na sexta-feira pela defesa de Trump, foi feita pelo ex-advogado sem o conhecimento de seu cliente.
Os dois falam aparentemente sobre um possível pagamento à empresa matriz do tabloide National Enquirer, que tinha comprado de Karen os direitos para publicar a história do seu suposto caso com Trump por US$ 150 mil. Na conversa, Cohen diz a Trump ser necessário criar uma companhia "para a transferência de toda essa informação sobre o nosso amigo David".
Segundo veículos de imprensa americanos, esse "amigo" pode ser David Pecker, presidente da American Media, Inc., empresa matriz do tabloide National Enquirer.
Após a sugestão de Cohen, Trump pergunta: "Que pagamento?". E o advogado responde: "Teremos de pagar". O magnata diz então para fazer o "pagamento com dinheiro", embora segundo uma transcrição da conversa divulgada posteriormente pelo advogado do presidente, Rudolph Giuliani, o que ele realmente disse foi "não pague com dinheiro".
O National Enquirer nunca publicou a história sobre o suposto adultério de Trump.
Silêncio das mulheres
Esta e outras gravações foram apreendidas pelo FBI durante uma revista no escritório de Cohen, em abril, que é investigado por sua participação em diversos pagamentos para supostamente silenciar mulheres durante a campanha presidencial de 2016. A investigação procura esclarecer se eles violaram as leis de financiamento de campanhas eleitorais.
Antes das eleições, Cohen teria pago US$ 130 mil (depois reembolsados por Trump) à atriz pornô Stephanie Clifford - conhecida na indústria como Stormy Daniels - para manter em segredo uma relação que ela alega ter tido com o presidente americano.
Trump negou os casos com Stephanie e Karen, que teriam ocorrido em 2006, o mesmo ano em que ele casou com Melania.
Cohen foi uma das pessoas mais próximas e confiáveis de Trump por mais de uma década, conhecido por ser um "quebra-galhos" na resolução de conflitos e disputas com adversários. O relacionamento dos dois, entretanto, se rompeu após o início das investigações federais.