O ex-presidente da Bolívia Evo Morales disse neste domingo que seu veículo foi atingido por tiros e o ataque foi gravado em vídeo, refletindo como as tensões políticas se tornaram violentas no país andino entre o ex-líder e seu ex-aliado, o atual presidente Luís Arce.
Morales postou um vídeo no Facebook feito de dentro de um carro em movimento, mostrando-o sentado no banco do passageiro da frente e pelo menos dois buracos de bala no para-brisa. O motorista parecia estar ferido. Morales escreveu que a culpa era do governo.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente o conteúdo do vídeo ou a alegação de Morales.
O incidente e as alegações podem desencadear mais agitação e instabilidade no país sul-americano, em um momento de alta tensão, com os partidários de Morales bloqueando as principais rodovias e entrando em confronto com as forças de segurança que tentam desobstruí-las.
Em uma entrevista de rádio após o incidente, Morales disse que dois veículos o interceptaram na estrada e dispararam contra seu carro, afirmando que uma bala passou a "centímetros" de sua cabeça. "Não sei se eram soldados ou policiais", disse Morales.
O vice-ministro da Segurança, Roberto Ríos, disse a jornalistas que a polícia não havia realizado nenhuma operação contra o ex-presidente.
"Como autoridades encarregadas da segurança do Estado, somos obrigados a investigar qualquer denúncia, seja ela verdadeira ou falsa", disse Ríos.
No sábado, o governo criticou Morales por "desestabilizar" o país com duas semanas de bloqueios de estradas que congestionaram o fornecimento de alimentos e combustível em todo o país. O governo o acusou de tentar "interromper a ordem democrática".
Em um comunicado, o governo também disse que alguns grupos aliados a Morales estão armados e alertou sobre a violência, citando 14 policiais feridos ao tentarem romper os bloqueios.
Morales e Arce, seu ex-ministro da Economia, fazem parte do mesmo partido político socialista MAS, mas entraram em conflito cada vez mais no último ano, como parte de uma luta pelo poder antes das eleições de 2025.
O país também está lutando contra a diminuição da produção de gás, o esgotamento das reservas de moeda estrangeira e o aumento da inflação, o que está pressionando o partido governista e levando a disputas políticas internas cada vez mais confusas.
Morales também está enfrentando alegações de que teve relações com menores de idade. Ele foi formalmente convocado por promotores regionais para testemunhar no caso, mas não compareceu e agora enfrenta um mandado de prisão. Morales nega veementemente as acusações.