EXCLUSIVO-Autoridades libanesas dizem que Rifaat, tio de Bashar al-Assad, fugiu de Beirute para Dubai

27 dez 2024 - 15h28

Rifaat al-Assad, tio do líder sírio deposto Bashar al-Assad e acusado na Suíça de crimes de guerra pela violenta repressão a uma revolta ocorrida em 1982, fugiu de Beirute para Dubai nos últimos dias, disseram nesta sexta-feira duas fontes de segurança libanesas.    Elas afirmaram que "muitos membros" da família Assad viajaram para Dubai a partir de Beirute, mas alguns outros ficaram no Líbano desde a queda do líder, em 8 de dezembro. As fontes informaram que as autoridades libanesas não receberam mandados de prisão da Interpol contra eles ou Rifaat.    O Ministério das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos não respondeu imediatamente a um email para que comentasse sobre o tema. Autoridades libanesas afirmaram não saber se Rifaat e os outros membros da família Assad pretendiam ficar em Dubai ou viajar para um outro destino.    Rifaat, que já tem quase 90 anos, era irmão do pai de Assad, o falecido presidente Hafez al-Assad. Ele liderou as forças que esmagaram uma revolta da Irmandade Muçulmana em 1982, na cidade de Hama, matando para isso mais de 10 mil pessoas. Em 2022, a Rede Síria para os Direitos Humanos afirmou que o número de mortos em Hama ficou na verdade entre 30 mil e 40 mil pessoas.    Usando um princípio de que todos os países possuem jurisdição sobre alguns crimes, a Procuradoria-Geral suíça encaminhou Rifaat al-Assad para julgamento sob acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, por causa dos assassinatos e das torturas em Hama. Rifaat nega ter responsabilidade nas mortes.    Neste mês, autoridades judiciais suíças sugeriram que o julgamento fosse arquivado, por causa do estado de saúde do sírio.    O ataque de Hama, em 1982, é frequentemente descrito como um modelo do tipo de repressão que Bashar al-Assad aplicou contra a rebelião iniciada em 2011 e que o derrubou neste mês. Quando os rebeldes tomaram a cidade, no dia 6 de dezembro, o líder do grupo, Ahmed al-Sharaa, referiu-se ao episódio, dizendo que eles iriam "limpar aquela ferida que persiste na Síria há 40 anos".    Rifaat al-Assad ajudou Hafez a tomar o poder com um golpe em 1970, servindo como vice-presidente antes de, sem sucesso, tentar tomar o poder do seu irmão e ir para o exílio.    Ele viveu na Suíça, na Espanha e na França, onde um tribunal decidiu em 2020 que ele era culpado por adquirir milhões de euros em propriedades usando fundos desviados do Estado sírio. Em 2021, ele voltou ao seu país.    As autoridades libanesas afirmaram que sua mulher e seu filho Duraid e sua filha foram detidos por tentarem viajar por meio do aeroporto de Beirute utilizando passaportes vencidos que foram adulterados.   

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