O chefe do Estado-Maior do Exército da Etiópia, Berhanu Jula, acusou nesta quinta-feira (19) o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, de apoiar as forças de Tigré no conflito contra o governo federal.
Adhanom é etíope da etnia tigré, povo majoritário na região que se rebelou contra o primeiro-ministro Abiy Ahmed, vencedor do Nobel da Paz em 2019. Além disso, o diretor da OMS foi ministro da Saúde e das Relações Exteriores durante governos apoiados pela Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF) na Etiópia.
Em coletiva de imprensa, Jula afirmou que Adhanom é "parte daquela equipe", em referência à TPLF, e trabalhou para "obter armas" para o partido. "O que vocês esperam dele? Nós não esperamos que se posicione ao lado do povo etíope para condená-los", declarou o chefe do Exército.
Situado no norte da Etiópia, Tigré é alvo de uma ofensiva militar das tropas federais desde 4 de novembro, após milícias tigrinas terem atacado um quartel militar em Macallé, capital da região, que é governada pelo TPLF.
O partido foi dominante na política etíope durante décadas, embora sua etnia corresponda a apenas 6% da população nacional, mas diz ter sido expurgado do governo federal após a ascensão de Ahmed, em 2018.
A TPLF também é contra o acordo de paz com a Eritreia (que rendeu o Nobel ao premiê), chegando inclusive a ter lançado foguetes contra o aeroporto de Asmara, capital do país vizinho, no último fim de semana.
Além disso, protesta contra o adiamento das eleições gerais de agosto devido à pandemia de coronavírus e realizou um pleito regional à revelia de Adis Abeba, que não reconhece seu resultado.