A rede de televisão Al Jazeera informou que forças israelenses invadiram neste sábado, 21 (manhã de domingo no horário local), seus escritórios em Ramala, na Cisjordânia, e emitiram uma ordem de fechamento por 45 dias.
A emissora transmitiu ao vivo em seu canal em árabe tropas armadas e encapuzadas ordenando o fechamento sem dar qualquer explicação sobre a ordem. A medida é a mais recente ação israelense contra o veículo, após o governo de Israel ter anunciado na semana passada que revogava as credenciais de imprensa dos jornalistas da Al Jazeera em seu território e quatro meses depois de proibir a operação do canal dentro do país.
Os soldados disseram a um repórter que o local seria fechado por 45 dias e que a equipe precisava sair imediatamente. A emissora posteriormente exibiu o que parecia ser militares israelenses destruindo um banner em uma varanda usada pelo escritório da Al Jazeera, que exibia a imagem de Shireen Abu Akleh, jornalista palestino-americana morta por forças israelenses em maio de 2022.
"Há uma decisão judicial para fechar a Al Jazeera por 45 dias", disse um soldado israelense ao chefe do escritório local da emissora, Walid al-Omari, nas imagens ao vivo. "Peço que você leve todas as câmeras e deixe o escritório neste momento." Al-Omari disse mais tarde que os israelenses começaram a confiscar documentos e equipamentos no escritório, enquanto gás lacrimogêneo e tiros podiam ser vistos e ouvidos na área.
A Força Terrestre israelense não respondeu a um pedido de comentário feito pela Associated Press. A emissora catariana denunciou a medida e continuou as transmissões ao vivo de Amã, na Jordânia.
A rede tem relatado ininterruptamente sobre a guerra entre Israel e e o grupo terrorista Hamas desde o início do conflito, em 7 de outubro, e manteve uma cobertura de 24 horas na Faixa de Gaza, em meio à ofensiva terrestre de Israel, que já matou e feriu membros de sua equipe. Não está claro se o exército israelense também mirará nas operações da Al Jazeera em Gaza.
Enquanto inclui reportagens sobre as vítimas da guerra, a versão em árabe da rede de televisão frequentemente publica declarações em vídeo na íntegra de integrantes do Hamas e de outros grupos militantes da região.
Isso levou a afirmações de autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, de que o canal "prejudicou a segurança de Israel e incitou contra os soldados". As acusações foram negadas pela Al Jazeera, cujo principal financiador, o Catar, tem sido personagem atuante nas negociações entre Israel e Hamas para alcançar um cessar-fogo e acabar com o combate.
A guerra começou quando terroristas liderados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, em um ataque ao sul de Israel em 7 de outubro. Eles sequestraram outras 250 pessoas e ainda mantêm cerca de 100 reféns. A campanha de Israel na Gaza já matou pelo menos 41.000 palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que não faz distinção entre combatentes e civis.
O fechamento do escritório da Al Jazeera em Ramala ocorre em meio a crescentes tensões sobre uma possível expansão da guerra para o Líbano, onde dispositivos eletrônicos explodiram durante a semana em uma provável campanha de sabotagem por parte de Israel visando a milícia xiita radical libanesa Hezbollah.
As explosões de terça e quarta-feira mataram pelo menos 37 pessoas — incluindo duas crianças — e feriram cerca de 3.000 outras. /AP e AFP