Iwao Hakamada, japonês de 89 anos que passou mais de 40 anos no corredor da morte, foi absolvido e receberá uma indenização recorde de US$ 1,4 milhão após novas provas confirmarem sua inocência.
O japonês Iwao Hakamada, que passou mais de quatro décadas no corredor da morte antes de ser absolvido, receberá uma indenização de US$ 1,4 milhão, informou um tribunal nesta terça-feira, 25. A compensação equivale a aproximadamente US$ 85 por cada dia que ele passou injustamente condenado.
Ex-boxeador profissional, Hakamada, hoje com 89 anos, foi sentenciado à morte em 1968 pelo assassinato de quatro pessoas, crime que sempre negou ter cometido. Sua condenação ocorreu apesar de alegações de que provas contra ele foram forjadas pela polícia.
Em 2024, um novo julgamento o inocentou, após um exame de DNA comprovar que as roupas ensanguentadas usadas para incriminá-lo haviam sido plantadas muito tempo depois dos assassinatos.
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O Tribunal Distrital de Shizuoka confirmou que Hakamada receberá mais de 217 milhões de ienes – a maior indenização já concedida por um erro judicial no Japão, segundo seu advogado, Hideyo Ogawa. O valor corresponde a aproximadamente R$ 8,3 milhões.
No entanto, para a defesa, o valor não compensa os danos sofridos. “O Estado cometeu um erro que não pode ser reparado com dinheiro”, afirmou Ogawa à emissora NHK.
Relembre o caso
Hakamada trabalhava em uma fábrica de processamento de soja quando, em 1966, seu chefe, a esposa dele e seus dois filhos foram encontrados mortos a facadas em casa. Ele foi preso pouco depois e, inicialmente, confessou o crime. Porém, mais tarde, afirmou que a confissão foi obtida sob coação, após ser submetido a agressões e ameaças durante os interrogatórios.
O julgamento terminou com uma decisão dividida de 2 a 1 entre os juízes. O único magistrado contrário à condenação deixou a magistratura seis meses depois, desmoralizado por não conseguir impedir a sentença.
Com a pena de morte pairando sobre ele por mais de 40 anos, Hakamada passou décadas esperando pelo enforcamento, sem saber quando sua execução poderia acontecer. Sua irmã, Hideko, liderou uma incansável campanha por sua libertação e denunciou os efeitos psicológicos devastadores do longo período de encarceramento.
“Às vezes, ele sorri feliz, mas isso acontece quando está em seu delírio”, relatou à CNN. “Nem sequer discutimos o julgamento com Iwao, pois ele não consegue mais reconhecer a realidade.”