Quase três quartos dos jornais da Venezuela fecharam durante cinco anos de recessão no antes próspero país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), de acordo com a associação nacional de jornalismo, o que torna o El Nacional o último diário independente de circulação nacional.
Entidades pró-mídia alertam que a liberdade de imprensa diminuiu ao longo de 2017, ano em que o presidente Nicolás Maduro se reelegeu para um mandato de seis anos em maio em eleições boicotadas pela oposição.
A Venezuela caiu seis posições no índice de liberdade de imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras, ocupando agora o 143º lugar entre os 180 países pesquisados.
Segundo o venezuelano Instituto de Imprensa IPYS, a agência reguladora de telecomunicações também fechou 40 estações de rádio em 2017 citando irregularidades em suas licenças.
O governo Maduro afirma que trata todos os veículos de mídia igualmente e que existe liberdade de imprensa -mas disse publicamente que quer mais controle sobre a mídia, que já foi abertamente antigoverno e comemorou um breve golpe contra o então presidente Hugo Chávez em 2002.
Os fechamentos deixam o noticiário cada vez mais nas mãos de rádios e televisões estatais e jornais pró-governo, como o Ultimas Noticias, que cobrem as atividades oficiais de Maduro e ignoram os níveis crescentes de desnutrição e doenças.
"Só sobraram os escombros da mídia burguesa", disse Maduro em um discurso feito durante o dia nacional dos jornalistas da Venezuela em junho.
O Ministério da Informação não respondeu a nenhum de vários pedidos de comentário sobre o tratamento do governo à mídia.
Vários dos novos veículos de notícias online também estão enfrentando dificuldades crescentes. Eles relatam bloqueios de sites que os obrigam a encontrar maneiras mais criativas de dar notícias, como sumários em áudio enviados por WhatsApp.
"É uma forma de driblar a censura. Porque não vamos simplesmente ficar aqui resmungando porque nos bloquearam", disse Cesar Batiz, que fundou o site de notícias El
Pitazo em 2014.
O Ministério da Informação não respondeu a um pedido de comentário sobre os bloqueios dos sites.