'Fizeram um massacre naquele lugar', diz brasileiro que presenciou ataque a Faixa de Gaza

Centenas de pessoas foram mortas nos ataques a Israel, que acontecem desde a manhã de sábado, 7.

8 out 2023 - 08h26
(atualizado às 08h32)
Victor Hershlag presenciou o ataque enquanto estava em uma festa
Victor Hershlag presenciou o ataque enquanto estava em uma festa
Foto: Reprodução/GloboNews

Centenas de mortes já foram registradas nos conflitos em Israel que ocorrem desde a manhã de sábado, 7. O brasileiro Victor Hershlag, que mora no país há 4 anos, estava a 300 metros do cinturão onde os ataques começaram. Por sorte, ele conseguiu escapar, mas viu dezenas de pessoas feridas enquanto tentava fugir do local. Ele classificou a situação como 'tenebrosa'. 

Em entrevista à GloboNews, na manhã deste domingo, 8, Victor relatou que estava em um camping, onde ocorria um festival de música, quando viu os foguetes sendo lançados. Ele estava em sua barraca com amigos, no momento em que percebeu que se tratava de um ataque armado, com homens em motos e de paraquedas. 

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“Foi uma visão de catástrofe. Nesse momento muitas e muitas pessoas correndo e desesperadas procurando pelos seus próprios carros. As pessoas não sabiam o que fazer, se pegavam seus pertences, se largavam tudo, muita gente foi correndo a pé, o que foi um erro, porque eles chegavam de paraquedas, de motocicleta atirando em quem viam. Infelizmente muitas não tiveram o direito de se defender, porque eram civis, estavam ali para se divertir e não estavam armadas. Esses terroristas praticamente fizeram um massacre naquele lugar”, descreve. 

Ele afirma que ao sair daquela região, tentou junto dos amigos achar um banker para se proteger, mas como o ataque não era esperado, todos estavam fechados. “Não estávamos preparados”. O brasileiro conseguiu fugir daquela região a salvo, e foi para onde mora, em Berseba, a cerca de 60 km da Faixa da Gaza. Enquanto seguia para sua casa, viu ao longo da estrada várias pessoas mortas.  

Soldados do Hamas
Foto: Reuters

“Foi uma cena de filme. Vimos corpos de pessoas inocentes, baleadas, um crime de guerra inexplicável. Pegaram de surpresa um país que gasta bilhões e bilhões em defesa,  para no fim, entrar alguns poucos terroristas por um cercadinho. É algo inimaginável, inexplicável. Eu não vejo uma lógica nisso. A população de Israel está cansada disso”, desabafa. 

Segundo o brasileiro, a situação se assemelha ao lockdown de covid, pois a orientação do governo israelense é para que ninguém saia de casa, somente em um caso de extrema necessidade. “Não que as pessoas não possam sair, mas elas têm medo, porque não tem como saber, você pode andar pela rua e um carro da polícia com terroristas, porque eles roubaram, pode atirar em você, e isso pode virar uma tragédia generalizada”, finaliza. 

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Brasileiros na região

São estimados que 14 mil brasileiros residentes em Israel e 6 mil brasileiros na Palestina, a grande maioria dos quais fora da área afetada pelos ataques. De acordo com o Itamaraty, que monitora a situação e abriu canal para familiares brasileiros que buscam informações, há ao menos um brasileiro ferido e outros dois desaparecidos

Os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv +972 (54) 803 5858 e do Escritório de Representação em Ramala +972 (59) 205 5510, com Whatsapp, permanecem em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência. O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610.

Guerra

Centenas de pessoas já morreram nos conflitos em Israel que irromperam neste sábado. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou guerra após um ataque surpresa de grande escala do Hamas, usando mais de 5 mil foguetes. "Cidadãos de Israel, estamos em guerra, e não é só uma operação, é realmente uma guerra", disse Netanyahu, informando que ordenou a convocação de reservistas do Exército e uma resposta à guerra "impetuosidade e uma amplitude que o inimigo não conheceu até agora".

Prédio é bombardeado em Israel
Foto: Ashraf Amra

"O inimigo pagará um preço que nunca precisou pagar. Venceremos", declarou o premiê.

Com a declaração de guerra, foi iniciada a "Operação Espadas de Ferro", com a convocação de dezenas de milhares de reservistas. "Estamos em guerra, e na guerra é preciso manter o sangue frio. Apelo a todos os cidadãos para que se unam para atingir nosso objetivo final: uma vitória na Guerra", completou Netanyahu.

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Conselho de Segurança da ONU 

Em nota, o Itamaraty informou que o Brasil, "na qualidade de Presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, convocará reunião de emergência do órgão". 

"O Brasil lamenta que em 2023, ano do 30º aniversário dos Acordos de Paz de Oslo, se observe deterioração grave e crescente da situação securitária entre Israel e Palestina", diz comunicado. "Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o Governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação".

"Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito", diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou as redes sociais para lamentar a guerra que irrompeu neste sábado, 7, em Israel, e disse que o Brasil "não poupará esforços para evitar a escalada do conflito"

"Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas", escreveu o mandatário brasileiro. "Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas". 

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"O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU", acrescentou, mencionando o conselho que foi alvo de críticas em seu discurso na ONU. 

"Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados", completou. 

Fonte: Redação Terra
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