A aeronave Boeing 737 da Ukraine International Airlines, que caiu após decolar em Teerã e matou 176 pessoas, foi abatida pelo sistema de defesa aérea do Irã acidentalmente, informou a imprensa americana, citando autoridades dos setores de inteligência dos Estados Unidos, cujas identidades não foram reveladas. De acordo com oficiais do Pentágono e da inteligência dos Estados Unidos e do Iraque ouvidos pela revista Newsweek, o avião ucraniano pode ter sido abatido por acidente com o uso de um míssil antiaéreo russo, chamado Gauntlet. As emissoras CBS e CNN também citaram autoridades não identificadas afirmando que a hipótese pode estar correta, com base em dados de satélite, equipamentos eletrônicos e radares. Nesta tarde, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a dizer que tem "suspeitas" sobre o acidente, mas não deu mais explicações. "Estava voando em um bairro bastante difícil e alguém poderia ter cometido um erro", acrescentou o republicano, durante coletiva de imprensa na Casa Branca. "Algumas pessoas dizem que foi mecânico. Eu pessoalmente não acho que isso seja uma questão", disse Trump, ressaltando que "algo muito terrível aconteceu".
A aeronave, que decolou às 6h12 (horário local) da última quarta-feira (8) e seguia para Kiev, caiu minutos depois. Todas as 176 pessoas, entre passageiros e tripulantes, morreram. Pelo menos 63 vítimas eram canadenses. Até o momento, não se sabe quais as causas do acidente, que ocorreu em meio à tensão entre Irã e Estados Unidos. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que, "segundo numerosas fontes de inteligência", o avião foi abatido pelo Irã. Em comunicado oficial, o governo iraniano, por sua vez, afirmou que a hipótese cogitada é "sem sentido". "Vários voos nacionais e internacionais estavam voando no espaço aéreo iraniano ao mesmo tempo e na mesma altitude e não tiveram problemas", disse Ali Abedzadeh, presidente da Organização de Aviação Civil Iraniana (CAO) e vice-ministro de Transportes.
Enquanto isso, a Ucrânia pediu ao Conselho de Segurança da ONU "apoio incondicional" da organização para seus especialistas responsáveis pela investigação sobre a queda da aeronave. Até agora, as autoridades ucranianas apresentaram quatro cenários possíveis para explicar a tragédia, entre eles terrorismo e ataque com mísseis. No entanto, em meio às tensões aumentadas pelo assassinato do general iraniano Qassem Soleimani em um ataque dos Estados Unidos no último dia 3 de janeiro, o Irã disse que não entregará as caixas-pretas recuperadas do Boeing.
Sob as regras da aviação global, o Irã tem o direito de liderar a investigação, mas os fabricantes, neste caso americanos, normalmente são envolvidos.