França encara eleição importante em aposta de Macron após derrota para extrema-direita

10 jun 2024 - 08h51

A eleição antecipada convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron após a derrota contundente de domingo para a extrema-direita nas eleições para o Parlamento Europeu será a votação legislativa mais fatídica da França em décadas, disse o ministro das Finanças nesta segunda-feira.

Emmanuel Macron após eleição para Parlamento europeu
 9/6/2024    REUTERS/Abdul Saboor
Emmanuel Macron após eleição para Parlamento europeu 9/6/2024 REUTERS/Abdul Saboor
Foto: Reuters

A decisão surpreendente de Macron equivale a um lançamento de dados sobre seu futuro político e o da França. Fez com que o euro caísse imediatamente, atingindo também as ações francesas e os títulos do governo.

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As votações de 30 de junho e 7 de julho poderão, pela primeira vez, dar muito poder ao Reunião Nacional (RN), de extrema-direita de Marine Le Pen, se eles conseguirem transformar sua crescente popularidade em uma vitória também em casa - onde a votação também seria sobre a confiança de que eles poderiam comandar um grande governo europeu.

Se o RN, eurocético e anti-imigração, obtivesse a maioria, Macron permaneceria presidente por mais três anos e continuaria encarregado da política externa e de defesa.

Mas ele perderia o poder de definir a agenda doméstica, que vai desde a política econômica até a segurança e a imigração.

A eleição antecipada também ocorrerá pouco antes do início dos Jogos Olímpicos de Paris, em 26 de julho, quando todas as atenções estarão voltadas para a França.

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"Esta será a eleição parlamentar mais consequente para a França e para os franceses na história da Quinta República", disse o ministro das Finanças, Bruno Le Maire, à rádio RTL, referindo-se à constituição de Charles de Gaulle de 1958, considerada o ponto de partida da política francesa moderna.

Uma fonte próxima a Macron afirmou que o presidente esperava mobilizar os eleitores que se abstiveram de votar no domingo.

"Estamos buscando a vitória", disse a fonte. "Há audácia nessa decisão, tomada de risco, que sempre fez parte de nosso DNA político."

Mas outra fonte próxima a Macron declarou: "Eu sabia que essa opção estava na mesa, mas quando ela se torna realidade, é outra coisa... Eu não dormi a noite passada".

Liderado por Jordan Bardella, de 28 anos, o RN obteve cerca de 32% dos votos europeus de domingo, mais do que o dobro dos 15% da chapa de Macron, de acordo com pesquisas de boca de urna, em parte graças à ira dos eleitores com aparente arrogância de Macron e às preocupações com a imigração e o custo de vida. Os socialistas ficaram próximos de Macron, com 14%.

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A decisão de Macron visa tirar o melhor proveito de sua posição fraca, recuperando a iniciativa e forçando o RN a entrar no modo eleitoral mais rápido do que gostaria.

Alguns líderes do RN parecem ter sido pegos de surpresa, embora já em fevereiro uma fonte do RN tenha dito à Reuters que eles estavam se preparando para a possibilidade de tal cenário, analisando os candidatos que poderiam apresentar.

"Não pensávamos que seria imediatamente após as eleições europeias, mesmo que quiséssemos que fosse", disse o vice-presidente do RN, Sebastien Chenu, à RTL Radio. "As eleições raramente são um presente e, nesse contexto, não são."

Bardella será o candidato do partido a primeiro-ministro, acrescentou.

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