A França prorrogará uma interdição de duas semanas se a ameaça do coronavírus persistir, disse o governo nesta quinta-feira, e um sindicato nacional de policiais exortou seus agentes a recusarem tarefas que os coloquem em grande proximidade do público por causa da falta de máscaras.
Agora que o coronavírus se propaga pelo mundo, cada vez mais países vêm anunciando restrições severas à vida pública enquanto formuladores de políticas lutam para lidar com a maior crise de saúde pública desde a pandemia de gripe de 1918.
Depois de o presidente Emmanuel Macron ordenar, na segunda-feira, uma interdição inédita na França em tempos de paz, seu ministro do Interior disse que o governo não hesitará em prolongar as restrições duras se for necessário.
"Só temos um objetivo, que é vencer a guerra contra o Covid-19", disse Christophe Castaner à rádio Europe 1.
Cerca de 100 mil policiais se espalharam pelo país para impor a interdição. As pessoas só têm permissão de sair de casa para comprar mantimentos, ir ao trabalho, se exercitar sozinhas ou buscar ajuda médica. A medida provocou um êxodo em massa de Paris para o interior.
Qualquer pessoa que se aventure fora de casa precisa portar um documento que justifique sua movimentação, ou se arrisca a uma multa. Nas últimas 24 horas, dezenas de milhares de batidas policiais foram realizadas e mais de 4 mil penalidades foram emitidas, disse Castaner.
Do litoral oeste do Atlântico à Riviera francesa, policiais usaram alto-falantes para esvaziar as praias quando a primeira semana de sol quente atraiu as pessoas para o exterior.
"Não é heróico desdenhar das regras, é uma estupidez", afirmou o ministro.
Nesta quinta-feira, Macron e seu governo estavam sofrendo grande pressão de médicos, policiais e do público por causa da falta de máscaras, luvas e outros equipamentos de proteção.
Nações de toda a Europa estão tentando desesperadamente intensificar a produção de máscaras, e os suprimentos pequenos da Itália à Alemanha estão testando a solidariedade entre os países-membros da União Europeia.
Um enfermeira do hospital Pitié Salpêtrière de Paris, cuja unidade de tratamento intensivo está na linha de frente da batalha para manter pacientes de coronavírus gravemente doentes vivos, disse à Reuters que itens básicos, como máscaras e gel antisséptico, estão escassos.