França se une a Itália e Espanha e pede fim da "UE egoísta"

Macron pediu que bloco ajude países afetados por coronavírus

28 mar 2020 - 10h40
(atualizado às 12h54)

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que seu governo está ao lado da Itália e da Espanha e que não quer ver uma "Europa egoísta e dividida" por conta do enfrentamento econômico causado pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Macron defendeu a criação dos 'coronabonds' para ajudar países afetados pelo novo coronavírus
Macron defendeu a criação dos 'coronabonds' para ajudar países afetados pelo novo coronavírus
Foto: EPA / Ansa

"Não vamos superar essa crise sem uma solidariedade europeia forte em nível sanitário e financeiro. A União Europeia, a zona do euro, se resumem a uma instituição monetária e a um conjunto de regras que permitem que cada Estado ajam por conta própria? Ou todos agem juntos para financiar os nossos países, as nossas necessidades nessa crise vital?", questionou Macron em um entrevista para vários jornais italianos.

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O presidente francês defendeu a criação dos chamados "coronabonds" ou "eurobonds", uma proposta que cria títulos de dívida comum para a zona do euro e que foi fortemente defendida por italianos e espanhóis - mas rechaçada pelos países do norte, como Alemanha e Holanda. O embate, ocorrido em uma reunião do Conselho Europeu na última quinta-feira (26), voltou a criar uma crise dentro da União Europeia, já que os governos de Berlim e Amsterdã defenderam o uso do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM), um fundo já existente para socorrer países em crise - o que endividaria ainda mais, especialmente, Roma e Madri.

Segundo o mandatário, "dez países da eurozona, representando 60% do PIB, explicitamente defenderam a ideia do 'coronabond' [...], de uma capacidade de endividamento comum, seja qual for o nome escolhido e de um aumento do orçamento da União Europeia para permitir um apoio real aos países mais atingidos por essa crise".

"Alguns países, como a Alemanha, expressaram suas reticências. Nós decidimos continuar com essa debate fundamental, no mais elevado nível político, nas próximas semanas. Não podemos abandonar essa batalha. Prefiro uma Europa que aceite as divergências e debates do que que uma unidade de fachada que conduz à imobilidade", disse ainda aos jornais.

Citando o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, Macron afirmou que também não quer que a Europa seja "o mínimo denominador comum". "O momento é histórico e a França lutará para ter uma Europa de solidariedade, da soberania e do pensar no futuro", finalizou.

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Neste sábado, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, afirmou que é "importante" ver que todas as forças políticas, "até aquelas que antes estavam tentadas a sair da União Europeia" pedindo a criação dos "eurobonds".

"Os eurobonds são uma grande oportunidade para a Europa demonstrar que sabe reagir a uma crise como essa. É verdade que hoje todos precisamos compartilhar os riscos com os eurobonds, mas podemos também dividir as grandes oportunidades do amanhã", ressaltou Di Maio em uma entrevista à "EuroNews".

Itália e Espanha são os dois países da Europa que mais registram casos da nova doença, com 86.498 e 72.248, respectivamente, e os que mais contabilizamos mortes pela Covid-19, com 9.134 e 5.690, respectivamente.

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